terça-feira, 24 de novembro de 2009

A MINHA SOMBRA E EU




A minha sombra persegue-me
Para onde eu vá, ela vai atrás.
Para quê fazer de conta?
Se ela vai sempre comigo.

Nunca se desfaz
Aquilo que nós somos e fizemos
Nunca se desfaz
Nem que seja só aos nossos olhos.

Não posso confundir
Aquilo que me dizem que sou
Com o que sou.
Porque confundo a minha sombra comigo?
Mas ela não se desfaz.

A minha sombra não é uma "second life".
Mas a minha sósia
O meu frisson metafísico.

Às vezes dá-me um calafrio
Da identidade dúplice, a minha sombra.
A vertigem do labirinto dos espelhos.

Estará a minha sombra apostada
Em causar-me alguns percalços?

É que há pessoas que se colocam
No ponto de vista do sol e da lua
Ou de outro foco de luz

E vêem a sombra
como o reflexo do ser
E me dão uma vida segunda.

Tudo começa quando me encontram
E dizem: "És uma radical", "És mesmo...
Fico a saber que não sou eu
Que sou a outra.

Palpita-me que a minha sombra
Me prega partidas
Que tem uma vida
Aventurosa e divertida umas vezes,
E outras não me deixa em paz.

Se algum dia encontrar a minha sombra
Ainda troco de lugar com ela
Para saber se é um reflexo de mim
Ou eu sou um reflexo dela.

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