domingo, 15 de novembro de 2009

NOVO MUNDO



Revisitei hoje nos meus livros de pintura Pieter Brueghel e a sua tela "O Combate Entre o Carnaval e a Quaresma", de 1569.


Quando tomei contacto com este quadro pela primeira vez, exposto, permaneci não sei quanto tempo a decifrá-lo e sabia que nunca mais o iria esquecer.

Será preciso recordar que sou uma amante de sátira e da pintura flamenga.

Hoje, ao olhar de novo a fotografia, veio-me à ideia o mundo em que vivo e o meu mundo português, que é semelhante ao francês, ao espanhol, ao italiano e a tantos outros.

Pieter Brueghel era satírico, expunha as fraquezas e loucuras humanas, fazia realçar o absurdo na vulgaridade. Neste quadro há uma liberdade geral de costumes.

No passado o Carnaval ocorria após o ano novo, marcando o fim do ano velho, dos velhos tempos e este quadro fez-me lembrar que os velhos tempos, da honra, da honestidade, da palavra dada, da integridade, já se foram e o futuro é debochado.

O novo mundo hoje parece-se com um mundo carnavalesco.

A natureza é paradoxal. A nossa natureza faz com que nós sejamos simultâneamente "isto e "aquilo" e, no entanto, não sejamos nem"isto" nem "aquilo".

Sampaio Bruno que acabei de ler há pouco, numa edição reeditada, dizia que as verdades estão acima da razão e eu estou de acordo.

A nossa verdade, a verdade de ser português hoje é: Oeiras votar um autarca que a justiça já tinha condenado, ter um PM sempre referenciado em tudo que é menos claro, em matérias de tráfico de influências, ter banqueiros, administradores públicos, desonestos e corruptos, parecermos um Itália à nossa escala, mas é, fundamentalmente, o povo permanecer em pleno Carnaval, ser ALEIJADO ( são vários os deficientes que por ali andam na festança ) como se vê no quadro de Pieter Brueghel.

O novo mundo chegou embora não seja um MUNDO NOVO.

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