quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

FUI EDUCADA PARA SER BOAZINHA





A acreditar. A dar a outra face. "Se te baterem não batas também", dizia a minha mãe. "Sê boa menina". "Se te insultarem, não respondas", dizia o meu pai. Na nossa terra o padre Américo que considerava que não havia rapazes maus, foi a grande refência educativa, à distância, dos lares do país-norte. Toda a gente acreditava que as pessoas, eram boas, a sociedade é que as corrompia. Jean-Jacques Rousseau já tinha dito o mesmo. Mas afinal quem faz a sociedade? Perguntei eu, nos bancos da Faculdade. Descobri que quem faz a sociedade são os homens e as mulheres e fui verificando que também há homens maus e mulheres más. Reparei que havia pessoas que se assemelhavam a tojais, cheias de espinhos e repulsivas ao toque, mas que enfeitavam a sociedade e de longe até eram bonitas. Claro que não botei os ensinamentos dos meus pais e avós todos a perder. Ficou sempre aquela delícia de às vezes poder pensar assim, como forma arejada, limpa, de sair mil e uma vezes dos destroços das minhas esperanças perdidas. Mais vale enganarmo-nos de vez em quando do que ter sempre razão. Não, não é possuir tanta candura que dê para vestir completamente o mundo, mas apenas emprestar-lhe uma roupinhas de quando em vez, para assim podermos sair juntos de braço dado. Hoje sei que não quero ter o pensamento sempre esclarecido. Desejo muitas vezes acreditar no Pai Natal. É bom acreditar no Pai Natal e declaro aqui, já que é época de Natal, QUE NÃO TENHO NADA CONTRA QUEM NELE ACREDITA.

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