quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
SEI TÃO POUCO DE TI
Sei tão pouco de ti que mais parece que o teu enigma sou eu.
Se não li isto em algum lado é como se tivesse lido e daí ter decidido naquele dia conhecer-te melhor.
Abandonar-me de mim e partir em passeio para ti.
Dava passinhos pequeninos, tentando perceber o caminho que calcorreava à medida que prosseguia. O Eu ía ficando lá atrás, acabando por parecer um conjunto de pontos pequeninos rosados.
A primeira diferença que senti à medida que me distanciava de mim, foi a ausência de ruído. Não havia memórias, buzinas, músicas de fundo.
Havia falta de hábito, isso sim. Ouvia outro canto, outra melodia.
Lembrei-me que já tinha ouvido essa melodia em outros dias mas não a escutava.Estava temporariamente surda.
Continuava na caminhada e reflectia nos sons que ouvira e pensava que as palavras, por vezes, se podem assemelhar a cantos de aves ou ao sopro da brisa nas árvores.
Há um efeito diferente nas palavras se as conseguimos escutar.
Lembrei-me de outras palavras, de outros sons e de outros lugares e sentia que era como se as escutasse pela 1ª vez.
A sensação era de leveza. Verifiquei que os aromas à minha volta eram conhecidos e inspiradores.
Olhei em volta e deparei com uma pedra vestida de tons amarelos e concluí que neste passeio havia sentidos nos sentidos como estes se tivessem mantido ocultos até aí.
O imprevisto, o imprevisível pode chegar. Há sempre um esperança, que embora não seja científica faz com que a certeza vacile.
Mas o primado está na certeza e essa revela-nos que nunca vemos os outros tal e qual eles são, mas no que parecem ser e eles vêem-nos no que julgam que somos mas não somos, porque aquilo que somos é o que julgamos que somos mas não somos.
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