sábado, 12 de dezembro de 2009

PORQUE AINDA ME ESPANTO?





Quero aperfeiçoar-me na fantasia. Flutuar nos meus sonhos.

Vejo desgraçados que vivem aos gritos, agora também na A.R., com o Primeiro Ministro a dar o mote e as(os) domésticas/domésticos vários, a segui-lo. E logo eu não paro de resmungar, admiradíssima, como é que naquele local se comportam assim?
Não quero tomar conhecimento de desgraças contínuas deste meu país queixoso, atascado pelo "destino" onde parece que tudo se está a passar às avessas.
Não quero atender os achaques.
Não quero que troveje no meu cérebro.
Não quero ser influenciada pelo meu mau humor.

Não vejo a tremular uma luz ao longe a não ser as do Natal.
Sempre que penso que na matéria de infortúnios tocaram no fundo, aparece mais 1/2/3 notícias de nova escalada do mesmo ou pior.

Quero ficar na lua. Não acordar por completo.

Às vezes, faz-se silêncio. É evidente que já é memória o tempo em que eu voava para os assuntos naquelas intermináveis reuniões de "serviço".
Claro que não posso sorrir com todos os dentes neste meu silêncio, porque os não tenho.

Nunca tenho a certeza.
Aprecio quem consegue manter a calma, o bom humor.

Nunca fiz projectos para nesta altura não ter uma longa série deles por cumprir.
Não sou de executar projectos, gosto mais de vogar no mar ou nas nuvens do sonho.

Envelheço muito, espanto-me também por isso.

Sinto-me razoavelmente honesta, até poder-se-ia dizer mesmo honesta.
Há dias em que estou de cérebro estufado, outros há em que faço o que me dá na real gana.
Nunca fui de me submeter humildemente às regras, mas estou na segunda metade da vida ou talvez terça parte (quem sabe?) e esta faz os seus estragos.
Às vezes como até ficar corada e ouço lá fora o canto maldisposto dum pássaro,outras vezes espreito as minhas contradições.

Consideram-me de gostos impermanentes e tenho dificuldade em datar os acontecimentos da minha vida, parece que se passaram há séculos umas vezes, ontem outras tantas.
...Mas há dias que correm magoados e algumas palavras fáceis e pensamentos dasatados impõem-se.

Já não me encontro para filistrias efectivamente, mas continuo a espantar-me, no que respeita à degeneração da sociedade.
É difícil distinguir hoje o paladar do peixe e da carne, mas pelos vistos, todos ou quase todos ainda acreditam em milagres, isso espanta-me.

Continuamos o povo que éramos há 8/9 séculos, os mesmos pedintes, os mesmos a dar-nos ares, os mesmos a não pensar, OS MESMOS. Quase nada mudou na substância. E isso espanta-me.
E como dizia Sá de Miranda "m'espanto às vezes, outras m´avergonho"...

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