sexta-feira, 5 de março de 2010

AS SOCIEDADES ESTÃO VIOLENTAS





Suicidou-se um rapazinho de 12 anos, em Mirandela, Trás-os-Montes, para fugir às agressões e humilhações dos colegas.

Os inquéritos vêm depois. A escola não deu por nada, mesmo tendo sido o menino hospitalizado há um ano por agressões que os colegas lhe tinham feito (mas fora do estabelecimento).
Inquéritos realizados a 3891 crianças revelaram que 11% das crianças do 1º ao 6º ano foram vítimas de agressão por parte dos colegas 3 ou mais vezes.
A escola nem luto decretou nem falou sobre o assunto, que raio de conceito de educação tem esta escola? Ignorou em absoluto o facto, procedeu no depois como no antes, não ajudou, não prestou cuidados, não educou.
A escola, neste caso a escola Luciano Cordeiro em Mirandela, não presta, tem culpa no suicídio dum aluno seu.
Este rapaz estava desamparado quer pela família quer pela escola.
Há violência social, não só na agressão física mas naquela que não presta cuidados, na que vira a cara para o lado fazendo de conta que está tudo bem para não ter problemas e continuar na carunchosa vidinha.
Para estes conselhos executivos o silêncio é a sua ideologia.
Coleccionam-se estes casos de violência, quer na escola quer na família.
As escolas engolem os discursos do poder. Não se passa nada, nunca se passa nada.
Os conselhos executivos e a população docente nada querem arriscar. Não arriscam sequer a pegar num facto e fazer dele um acto exemplar, para educar ou tentar, pelo menos, conversar com os alunos sobre o assunto e para perceber o que se passa naquela comunidade.
Abriu um inquérito e depois? Depois fecha o inquérito e vem dizer que o miúdo sofria de depressão infantil, ou então limita-se a constatar que o "bullying" como agora lhe chamam para dizer que é internacional, é um fenómeno social e actual.
Os agressores, mesquinhos e horríveis, porque o são? Seres insignificantes que fazem os outros aparecer a si mesmos insignificantes.
Escolas, alunos, pais tragados pela linha de montagem.
Esta escola tem de agir para deslocar o lugar do poder. O poder não pode estar nos agressores.
Esta escola, associação de pais e tudo o mais estão escleróticos.
Estes adolescentes fanfarrões, idiotas, querem tudo até maltratar até à morte colegas mais novos e frágeis. Esta realidade actual está a recrudesceder e torna-se preocupante.
Há falta de amor nas sociedades, falta de amor consigo próprios em primeiro lugar e depois com os outros. Muitos destes jovens adolescentes reproduzem comportamentos vistos e vividos em família. As famílias tornam-se cada vez mais violentas e muitas delas com os progenitores desempregados entram em desespero e este propicia muitas vezes a agressão.
Há uma enorme ausência de compaixão que se manifesta também nos mais pequenos.
Há muita indeferença e o pior de tudo é que cada vez mais há gente a apreciá-la.
A sociedade de espectáculo em que vivemos gera estas situações, dá lugar à solidão, à tristeza.
Estamos todos, porque todos fazemos parte da sociedade, a assassinar as almas, mais que não seja, através da indeferença. A indiferença mata.
A indeferença destes professores e se calhar destas famílias (refiro-me também à dos agressores), matou este aluno.
As lágrimas estão a secar e os portugueses também estão a fazer o culto e a concentrarem-se na indisponibilidade.
Sociedades hedonistas sim, já sabemos, mas não se pode cruzar os braços, virar a cara para o lado.
Estes agressores também estão a chamar as atenções sobre si, é preciso escutá-los. São fruto do que paira na sociedade, a falta de atenção sobre o outro.
É urgente falar sobre o conceito de felicidade/infelicidade.
Acabar com as atitudes do deixa andar que aqui, neste caso, se verificou e verifica na comunidade escolar, fechada a cadeado.
Há gente a estoirar de amargura.
Ninguém se interessa com o indivíduo, mas toda a gente, sem excepção sobe à boca de cena em casos de catástrofes, o resto, os indivíduos, as suas tristezas, mágoas e aflições, é com os especialistas.
Cada um de nós tornou-se semelhante à assistência pública interessa-se tanto a sério e nada de nada ao mesmo tempo.
O mundo, o nosso que é composto por nós, torna-se uma aberração.
As pessoas não querem estar frente a frente, acham duro demais e por isso ou não telefonam-se muito, prometem, ouvem ou não ouvem, flutuam, enviam mensagens e a coisa passa ou volta.

Sem comentários: