sexta-feira, 19 de março de 2010

PEC OU FUTURO QUE AINDA NÃO É PASSADO


A imagem representa a Alegoria do Tempo Governado pela Prudência (Ticiano - 1565)
Passado, presente e futuro entrelaçados no tronco comum dos tempos, simbolizados pelo lobo, leão e o cão



Sinto-me no futuro governado pelo passado.
Os governantes de hoje, a soldo de Bruxelas, imprudentes, projectam-nos, duma forma catastrófica para um futuro que ainda não é passado, logo impossível (porque não tem memória) mas passível de ser analisado.
Governantes da FAST governação. Irresponsáveis do presente, seguidistas duma União Europeia dos ricos, amantes dos poderosos, enterram-nos o futuro num passado miserável.
A responsabilidade do presente ausentou-se. Fazem com que o presente aborte.Trabalham incessantemente, sem pensar, para a desagregação do estado. Desmantelam-no rapidamente (prevê-se privatizações a preços de saldo das principais empresas públicas e estatais (EDP, GALP,REN CTT e pior ainda as ÁGUAS de Portugal, entre 32 previstas) à custa de alguns milhões, prevê-se 6 milhões de euros, para segurarem más governações sucessivas, incluindo a actual.
Estes governantes e políticos só se interessam por eles e também por o louvor de Bruxelas que aplaude as medidas portuguesas do agora apresentado Programa de Estabelecimento e Crescimento- PEC.
Vivemos a liberdade sim, a única que nos distingue do fascismo, mas esta é sem objectivo e para nosso desamparo cada vez mais se parece uma outra forma de condenação.
Estamos todos presos e quando isso acontece cultiva-se a sensação de não estar em sítio nenhum como os fantasmas, o povo tornou-se especialista em silêncios, silêncios profundos, tão profundos que se encontram escondidos. Onde? à superfície.
Os governantes, estes e os anteriores e os futuros, quais predigitadores à maneira de Xerezade, que duma história è outra iludia o tempo, são imprudentes e encerram-nos no futuro que só será prudente quando já for passado.
Estamos desamparados, aqui, refiro-me à classe média, à qual pertenço, estamos encerrados pelo lado de fora.
Não vamos ter regresso, não conseguimos achar o modo do regresso ( e tantos modos há no modo de não haver regresso).
Somos matéria da memória, da memória activa, da futura quando passado formos.
Não temos a palavra, não no-la dão, só nos fazem falar para pagar impostos e aquando de eleições.
Os governantes exalam um cheiro suicida. Dizem adeus ao país pobre mas nosso e entregam-no à morte, dando-lhe apenas pouco tempo para viver.
Tenho medo de perder o meu país antes de o ter encontrado.
Estamos no fio da espada (somos um protectorado de Bruxelas para evitar falências), quem nos governa quer fazer deste país um género substituível. Pacificam e desconflituam os dias presentes, esforçam-se por libertar-se do que os oprime, a falência imediata e ficam contentes como animais.
Deixaram de imaginar. Deixaram-se reduzir e reduzem-nos.
Há uma deriva cartográfica do corpo nacional.
Contribuem duma forma acelerada para destruir "territórios" em tempos conquistados, com finalidades obviamente controversas.
Estes governantes para defender os interesses da minoria, a fracção dos políticos, gestores públicos e empresários com ou sem milhões nos off-shores, aproveitam para desenvolver uma guerra contra o povo em geral e a classe média em particular, aumentando-lhes os impostos, congelando salários, alterando as regras do jogo no final duma carreira contributiva, adiando as reformas, etc., etc.
Estão a atar Portugal, vamos ter que combater de novo, os novos que se preparem para virar o futuro e torná-lo um passado digno, somos o presente e este, tal como na Alegoria do Tempo, de Ticiano, deve ser governado pela Prudência.

1 comentário:

SEK disse...

Excelente! O tempo foi aqui usado de forma admirável.
"Tenho medo de perder o meu país antes de o ter encontrado." Por isso nos sentimos órfãos?