quinta-feira, 14 de agosto de 2014

É TUDO TÃO DIFERENTE


Os dias nascem tortos porque não há pão, habitação, justiça, paz e alegria para a maioria das pessoas.
...E depois há aqueles que se vangloriam de saber tudo mas não sabem, não sabem da missa a metade.
Há corações a rasgarem-se de tanta urgência.
Se houvesse bolsos cheios e corações vazios era mau, mas ainda pior é mesmo haver bolsos vazios e corações vazios.
O pior de tudo é que há vidas que nunca mais se vão recuperar, pessoas que ficaram sem emprego, sem casa, sem nada e estão a pedir.
Sofrimentos muitos.
Muita gente no limiar da pobreza mesmo trabalhando.
Pessoas que silenciam as suas desgraças e que não sabem o que fazer à vida. Turbilhões que rodam nas suas cabeças, algumas só encontrando como saída o suicídio e mesmo esse, sem saberem como o consumar.
As pessoas sentem-se derrotadas, humilhadas, descalças no corpo todo.
Pessoas que têm que reaprender vidas novas.
Pessoas que já não têm capacidade de rir delas próprias porque nem capacidade têm para rir.
Pessoas que perdem tudo ou quase tudo e a seguir ainda são medidas com desdém.
Dum momento para o outro, as pessoas ficam sem uma vida inteira para outros ficarem com tudo em excesso.
Não percebo como podem ser felizes à custa da desgraça que criam em redor, mas são-no.
Felicidades retorcidas, mas há muita gente retorcida.

2 comentários:

Helena disse...

Vivemos uma tremenda regressão histórica. Terrível e duradoura.
E é tão triste...

GL disse...

O pior, o maior drama, é que esta verdadeira tragédia social é vista por muitos com a maior das indiferenças, por outros como uma inevitabilidade - é a crise, senhores, é a crise! - por outros como um azar.
Há de tudo, excepto solidariedade, sentido de justiça, vontade de inverter a situação.
E assim se vai morrendo, aos poucos mas alegremente.