quarta-feira, 20 de agosto de 2014

SOMOS FORÇA PARALIZADA

Somos gestos sem vigor, gente sem cor, força paralisada.
Uns analfabetos que consomem televisão aos quilos.
Há uma espécie de analfabetos que joga golfe e que se acha um sucesso na vida, não eram ninguém, mas ascenderam socialmente através da política ou do roubo ou das duas coisas ao mesmo tempo.
Aumentam os nervos nas pessoas,  as depressões, a violência doméstica, exacerba-se tudo, mas a grande maioria, independentemente da classe social ou da conta bancária, não passa de ignorante, a abrir sempre a boca por tudo o que veem, não se percebendo o que viram até agora.
São dias brancos seguidos de noites brancas e estas não são as Dostoiesvky mas de todos os portugueses, apenas assistem à vida a passar bradando alguns, muito poucos.
A maioria dos ideais e de sentimentos são de baixeza.
Claro que não se pode salvar a Pátria todos os dias, a todas as horas que é muito cansativo, mas talvez uma tentativa uma vez na vida não fosse mau, quando ela se está a afogar, quanto mais não seja para nos salvarmos também.
A boçalidade abunda, a incultura é endémica, para já não falar do mau gosto.
As pessoas voltaram à loja dos penhores, mas agora não trazem cautelas porque não têm esperanças em que um dia vão recuperar o que quer que seja.
Trazem pouco dinheiro, aquele que lhes dá para pagar as prestações imediatas.
As pessoas perderam as ilusões desde que as suas mãos não servem para trabalhar já nem em si confiam. Lembro-me de Goya e das carnificinas, de Greco e das deformações mais reais que a realidade, do Fado e do nosso destino se é que ainda o temos.
Era preciso congraçar esforços mas as almas dos políticos são cariadas.
Já ninguém confia no progresso e na verdade as pessoas muitas vezes encolhem-se na sua maldade caluniosa uma parte, outra parte de novo como que a cumprir uma penas.
Temos que reforças o belo e reganhar a alma nacional, o orgulho de ser português.
Portugueses paralisados isso não, como diria o Ary se estivesse vivo.







2 comentários:

GL disse...

E como é que isso se consegue? Como é que recuperamos alma, capacidade de sonhar, de sermos gente de verdade? Como se inverte todo um caminho que nos conduziu à desgraça? Como é que nos libertamos de medíocres que nos fizeram retroceder décadas?
Quem nos restitui força e dignidade? Quem acaba com tudo aquilo que contribue para o embrutecimento do povo?
Quem, Helena, quem, quando a finalidade, o objectivo é mesmo esse?
Abraço triste.

lenço de papel; cabide de simplicidades disse...

a resposta é: nós, cada um de nós, a mudança das mentalidades. Bj de boa noite