quarta-feira, 19 de novembro de 2014

C' EST LA VIE

Na(s) vida(s), tudo acaba por parecer tão infame que temos a impressão de que não pode ser tudo completamente verdadeiro.
O problema é que parece que somos educados para nos irmos com o tempo, resignando a aceitar que tudo aquilo que se situa abaixo da nossa dignidade, tudo aquilo que tanto nos horroriza, não é mais do que a única realidade que existe.
Todos nós estamos sozinhos no mundo, mas todos nós nos negamos veemente a admiti-lo.
Às vezes parece-nos mesmo a muitos de nós, os mais lúcidos, se não fomos parar a um lugar imaginário.
A maioria das pessoas é incapaz de preencher os vazios entre as coisas.
Pertenço a uma geração que ainda acredita nos valores do esforço e do trabalho mas cada vez verifico que há muita gente hoje que considera ridículas estas aspirações e nem sempre estão bêbados ou drogados.
De facto, a realidade possui zonas muito obscuras mas é difícil viver em permanente "estado poético" e lembrando-me de Voltaire "ninguém encontrou nem encontrará jamais" e digo eu - para quê tanto esforço?
Porque me interessa a mim tanto perceber o humano e, chego invariavelmente à mesma conclusão: porque como humana sou propensa a repetir tenazmente os meus próprios erros.

Sem comentários: