sábado, 30 de janeiro de 2010

FALAR DE FUTURO




Há quem fale do futuro como se de passado se tratasse, cheio de certezas.
Há ainda quem só se interesse pelo futuro, dizem que o passado não interessa e que o presente é passado também.
No meu caso sempre que tento abordar o futuro recuo porque não sei.
Que dificuldades tenho a falar de futuro... Tempos houve que apenas trabalhava para o futuro, embora não o abordasse, sempre o respeitei. É verdade, sempre me inspirou respeito.
Quando começo o falar do futuro, regresso logo ao passado, esse sim, verdadeiramente meu conhecido.
Por tantas dificuldades na abordagem do tema tenho-me visto, ultimamente, com algumas tibiezas no regresso ao passado, encontrando-o por vezes separado de mim, não sei se apenas pela mudança de costumes ou por ter tendência a emprestar algumas características que ele não teve.
O futuro apresenta-se tão alto que não lhe chego, esforço-me por o espreitar mas não consigo.
Sinto que o futuro me trai, me transpõe para o passado, no entanto sempre que penso no futuro, sinto como que uma felicidade dramática,uma coragem pelo que é absoluto.
O futuro esconde-se, está sempre por trás de, sim, porque ele não cai do céu aos trambolhões, é filho do passado e do presente, mas é abstracto, sendo que aqui esta palavra significa tudo aquilo que não percebemos.
Mesmo que ligue os meus acumuladores de sensação e coloque os óculos de ver muito longe, não consigo visioná-lo.
Vejo o Inverno lá em baixo, continuo atravessando o Outono, mas o futuro...
O futuro esmaga-me!
Falar sobre o futuro faz-me lembrar quando se anda atrás duma mosca e ela voa, voa, embora essa ainda se mostre.
Fazemos prospecções, projecções, declinações mas "avistar" o futuro só mesmo os bruxos, esses eleitos!
Mas para que perseguimos o futuro?
Será um espécie de necessidade vital?
Às vezes brincamos ao futuro. Limpamos tudo, fugimos de ouvir e ficamos a pensar sem obrigação e solitariamente, envergonhadamente,desenhamos o FUTURO com uma força irresistível, com alma, poderoso. Esse, esse não o partilhamos com ninguém, é só nosso, bem apresentado, bonito, bem cheiroso, sempre jovem e cheio de vitalidade. É o nosso querido futuro. Para esse e com esse não temos rede no pensamento, não há dramas, é tu cá tu lá.
Às vezes penso que estou no futuro já, será sonho ou realidade?

2 comentários:

SEK disse...

Falar do futuro é uma perda de tempo. Qual a finalidade? Planear? Prever o amanhã e precavermos-nos? Ou é só uma maneira de falar do passado? Como tu dizes, mas esqueces pouco depois. Pensar o futuro é fazer uma projecção do presente: por vezes é necessária, mas encontramos, essencialmente, os nossos medos.

Telmo disse...

Olá, peço desculpa só agora responder á sua pergunta mas meu tempo tem sido pouco e tambem a vontade de escrever, faço-o neste post pois aborda um tema que me toca pessoalmente, e agora respondendo sim a droga teve a ver com o meu complicado percurso de vida e na minha forma de ver os relacionamentos, obrigado pela visita, bom fim de semana.