sábado, 9 de janeiro de 2010

A REALIDADE OLHA-NOS


Está sempre atrás de nós. Quando nos viramos, vê-mo-la atrás de nós, a observar-nos.
A REALIDADE não tem pensamentos retorcidos, escorrega para o simples, não gosta de dar muitas voltas à cabeça.
Umas vezes anda de carro outras a pé. É discreta e gosta apagar-se de si mesma e dar protagonismo aos outros.
É incansável no andar por aí. É forte, resistente e nunca se cansa.
Prega-nos partidas. Não sei as que costuma pregar aos outros, a não ser aquelas que me contam, mas a mim diverte-se a pregar-mas e faz com que eu pareça a personagem dum livro e que estou a viver dentro das suas páginas. A seguir faz-me recuperar a minha personalidade.
Tem um carácter hermético talvez, gosta de observar.
Uma partida que me costuma fazer é aquela que faz com que quase nunca nos pareçamos connosco mesmos.
Momentos há que se sente perdida porque gosta muito de viajar e quando alguém viaja para paragens que considera luminosas, apanha boleia, para de seguida, colocar à prova a sua elasticidade e obedecer à personagem que segue pala lhe continuar a história.
Tentei, algumas vezes, sem sucesso, observá-la, mas a REALIDADE não aprecia ser sondada, considera que já que toda a gente o faz em vão, melhor fora que desistissem desse nervosismo estéril.
Andarem atrás dela não abona a favor de quem o faz, a não ser que seja um artista retirado ou um amante da falsificação de relatos.
Não sei se sonhei ou se aconteceu realmente, ter estado frente a frente com a REALIDADE e esta me ter dito: "Vive, não te contentes apenas com rascunhos de vida, só os rascunhos podem ser transformados, a vida não. Não te sentes à espera, caminha e não faças batota, não estejas só a olhar para trás".

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