quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O TRABALHO AO DOMINGO EM PORTUGAL




Os nossos governantes trabalham muito e os dias úteis da semana não lhes chega para as tarefas que têm em agenda. Todos eles ao sábado e domingo, faça sol, chuva ou vento lá vão, em grupo inaugurar creches, ver obras a começar, almoços de partido (porque também faz parte da política) sei lá, tanta coisa...O povo até costuma dizer que vão sempre acompanhados de povo, graças a Deus, que domingo é dia santo e sendo Portugal um país católico devia respeitar este dia e como todos os políticos gostam muito da família, é família para ali, é família para aqui e para acolá e por isso vê-se bem o sacrifício que fazem de cometerem esta heresia, aliás, duas heresias, porque não é só a Igreja a reclamar, a família também. Mas dizia eu, i.é., ouvi dizer que eles se fazem sempre acompanhar duma senhora do povo, muito bondosa que lhes paga tudo, chamada Rosa gaga.
E depois vemos os empregados de super mercado a reivindicar uma tardita de feriado por ano para não trabalhar. Quem se julgam eles? Olha os srs. ministros, até o Sr. Presidente da República, um senhor tão distinto, um senhor que trabalhou, trabalhou, trabalhou e até conseguiu fazer uma marquise na varandinha dele, que ainda levam caro como sabem, até ele, trabalha aos domingos, quanto mais, vejam lá a pouca vergonha. Sim a pouca vergonha, porque o exemplo vem de cima e são para se copiar.
E depois é preciso ver, super mercados há muitos mas governos eleitos não são assim tantos, que diabo! Sabe-se lá o dia de amanhã! Podem não vir a arranjar emprego depois de acabarem o mandato, olha para o que se tem visto, a baterem, de chapéu na mão à porta dos super mercados e centros comerciais para trabalharem porque não conseguem arranjar emprego, ficam a viver tempos infinitos à custa da família até chegar outra vez o partido deles ao poder. Sim, porque a vida não é fácil,para ninguém e eles não ganham o mesmo que o Cristiano Ronaldo, eles são políticos portugueses, por isso são mal remunerados, veja-se, a título de exemplo, o caso do Sr. Dr. Vítor Constâncio, governador do Banco de Portugal, que agora até está prestes a emigrar, a sacrificar-se, para garantir a vida futura dos netos e quiça, dos bisnetos.
A vida custa a todos, andam muitos deles a trabalhar, sem poder, porque o povo mete baixas, eles até ao domingo e feriados trabalham e fazem estes sacrifícios para amealhar uns dinheiritos e pôrem de parte nos "off-shores", porque os malditos dos impostos comem tudo, que o estado não é de confiar, desde pequeninos que ouvem dizer que quem rouba ao estado empresta a Deus e lá nisso eles são muito católicos. Claro que esqueceram que se dizia isso no tempo do fascismo. "Fascismo? Mas isso existiu? Não estivemos sempre em democracia? Não demos muito pela mudança, nós também ainda éramos pequeninos e andávamos distraídos com outras coisas, éramos bons rapazes, não levem a mal". "Sabem, as ajudas de custo é que dá para juntar um bocadito e pôr de parte, porque aos fins-de-semana, ganhamos mais que durante a semana toda, acreditem, e depois como o povo está mais em casa e vê mais televisão, pode verificar com os próprios olhos que estamos a governar, que não brincamos em serviço, que não somos nenhum Odorico, perfeito numa perfeitura brasileira, celebrizado em telenovela, que ía inaugurar o cemitério da terra juntamente com a banda de música e esperava o morto. Nós não esperamos que o "morto" morra, não temos tempo para isso, nós inauguramos mesmo assim, sem morto. AQUI É QUE RESIDE A NOSSA DIFERENÇA! Imagine-se que mesmo assim, o povo às vezes ainda confunde telenovela brasileira connosco, coitados são muito inteligentes quando votam e nós até gostamos muito deles, coitadinhos, mas com o hábito, vêem muitas telenovelas na televisão, mas isso quem tem a culpa são os canais televisivos, que depois até baralham...
"E depois ele não tinha a União Europeia, as reuniões em Bruxelas, a C.E.E., a predidência disto e daquilo, a assinatura dos tratados X e Y, o encontro com o presidente francês, a chanceler alemã, o vizinho espanhol, perde-se muito tempo, parece que não, mas o tempo não estica, daí este sacrifício aos fins-de-semana, feriados e dias santos.
Sim, porque nós trabalhamos, somos como o Manel da telenovela, nós temos um emprego, não andamos para aí nos cafés e confeitarisas ou centros comerciais a passear com o dinheiro do subsídio de desemprego, nós trabalhamos. Está esclarecido?
Também não é preciso terem pena de nós, nós somos assim, porque somos pessoas de bem e estamos a cumprir uma missão, a missão de meter para o bolso e sabem como é, dá muito trabalho, não é fácil, acreditem que também goatávamos de passar o domingo em família, mas governar é duro, por isso deveria ser bem remunerado para não termos que fazer estas horas extras, mas vamos lá, também não é preciso chorar, cá nos vamos arranjando, haja saudinha, não é assim?"

Assinam:

Amigos e vizinhos da Rosa gaga que também já pagam tudo.
(desculpem a pontuação, embora deva estar mais ou menos, alguns e nós fizeram o 12º na Novas Oportunidades e éramos alunos aplicados)

Nota: Agradecemos aos Srs. governantes a entrevista que nos deram que para isso até horas ao sono tiraram, sim porque eles quase mão dormem, coitados! Mas essa parte da entrevista divulgaremos noutra ocasião.

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