quinta-feira, 24 de abril de 2014

ACORDEI COM A SENSAÇÃO...

A sensação que ia ver uma arco-íris. Em vez disso, fez-se uma escuridão imensa e começou a chover.
A chover certinho e penso: já não atravesso as linhas para me deslocar aos acampamentos...
Penso como este tempo me penitencia ao mesmo tempo que me ajuda a procurar palavras e a meditar sobre a última finalidade das coisas.
E cá estou eu a meditar sobre Liberdade.
Sei o que é a liberdade conquistada, a que eu conquisto, aquela em que digo para mim própria: estou disposta a ser aquilo que quiserem quando e eu quiser. Estou disposta porque sou livre, conquistei essa liberdade.
Sempre gostei de esbofetear o poder autoritário e  sempre fui orgulhosa mais do que dizem desta minha conquista. Quando me diziam e ainda dizem, pensam mais do que dizem em boa verdade "mas tu fazes o que te apetece..."
A minha resposta é: não é o que me apetece, é apenas aquilo que conquistei.
A liberdade não nos é oferecida, ninguém dá liberdade a ninguém, tem que se batalhar por ela e cuidar do que se conquistou, fazer manutenção.
Para se ser livre não se pode ser medroso, mas deve-se conhecer o medo.
Tem que se definir muito bem o que é a liberdade e saber todas as consequências que ela guarda consigo. Se a tentasse comparar com alguma coisa, penso que seria com um jardim, porque também temos que tratar sempre do nosso jardim senão passa a ser um aglomerado de plantas com muitas ervas daninhas pelo meio.
Não devemos afastar-nos um minuto que seja da liberdade, o nosso dever é estar juntos sem excessos de proximidade.
Temos que estar sempre em guarda porque  nos podemos perder da liberdade, daquela que de nós faz parte.
As pessoas foram educadas para a dissimulação, aprendem a prescindir do pensamento e quanto mais poder de cargos tiverem menos liberdade têm efectivamente.
A hipocrisia é uma virtude muito apreciada por todos quantos odeiam pensar e a liberdade de pensar atribuem-na aos mais pobres e aos loucos, segundo eles os únicos que se podem dar ao luxo de ser honestos.
Ser livre é uma conquista e é necessário ser íntimo deste bem.
Esta intimidade ao contrário de ser banal, obriga-nos a uma sucessão de pequenas obras de execução em prole da manutenção desta conquista e nunca mas nunca nos deve apanhar distraídos.
Afinal o arco-íris não apareceu, em vez dele veio a minha reflexão sobre a liberdade que neste momento se fez anunciar vestida com um enorme ramalhete de cravos vermelhos.

2 comentários:

GL disse...

Dissertar sobre liberdade não deixa de ser um exercício pertinente, mas também difícil. Senão vejamos. Quantas pessoas têm pago com a vida esse sonho, essa ambição tão legitima?
O Homem nasceu para ser livre, só que as sociedades organizaram-se por forma a não o permitir.
No nosso caso concreto.
Sem dúvida que o facto de termos alcançado a liberdade só nos pode ter deixado felizes, mas quantas vezes dou comigo a pensar: afinal de que nos serve? As classes sociais do topo da pirâmide são sempre beneficiadas, mas as da base? Podem falar livremente? Podem, mas isso não é o essencial. Essencial é ter uma vida digna, é usufruir de direitos iguais, e é aqui que as coisas se complicam. A liberdade, por si só, não consegue colmatar esta questão.
Fico por aqui. Desculpe o arrazoado. (que nem vou rever) . Muito mais havia a dizer, a discutir.
Um bom dia para hoje. :)
Bj

lenço de papel; cabide de simplicidades disse...

não concordarei consigo desta vez a 100% mas concordo em absoluto quando diz que não é fácil a liberdade, em especial quando se usufrui. Falar é muito fácil, parece-me, todos falam, mas exercer, ser livre é bastante difícil.
Um dia, um preso na cadeia que ia ser colocado em liberdade, disse-me: e agora o que é que eu faço, o que vou fazer com a liberdade? (e mostrava-se angustiado)