sábado, 26 de abril de 2014

COMO SE RESOLVEM OS DIAS?

Levanto-me e se não tiver um compromisso urgente, penso: o que vou fazer?
Sim, a pesada mesa de carvalho que é preciso mudar de sítio, mas como? Quantas pessoas são precisas?
Há coisas que não dependem só de mim e reflito sobre esta questão.
Por muita minuciosa que se seja, por muito trabalho que dê à inteligência e à vontade, há coisas que apenas o colectivo resolve.
Precisamos sempre dos outros, mesmo os que são muito práticos.
Sendo assim é fácil perceber que somos apenas uma peça da engrenagem.
Terminarei este pensamento com rapidez para voltar a alguns outros que se vão cruzando.
Por vezes penso nessas frases que os ricaços produzem e na estupidez das suas ideias e sorrio, vindo-me à memória aquela outra frase que ouvia na Igreja em pequenina "bem aventurados os pobres de espírito que será deles o reino dos céus". Entendi sempre isto à letra e continuo com a ideia dos ricaços, gosto desta palavra, vem da minha velha infância que se junta a outra "eles não sabem o que dizem, perdoai-lhes Senhor".
São pensamentos longínquos mas que rememoro, ligando-os a rostos de políticos e banqueiros.
Como se sentiriam indefesos se não tivessem quem para eles trabalhasse.
Quando os trabalhadores fazem greve, pretendem mostrar isso entre outras coisas, por isso não gostam das greves os ricaços.
O povo mais humilde também não compreende esta frase tão simples e ao mesmo tempo tão profunda "sozinhos não somos nada". Conhecem a expressão e por isso se viram para Deus, escusando-se a entender a verdadeira dimensão do que julgam conhecer.
O que seria de um banqueiro sem os depositantes e sem os trabalhadores para organizar esses depósitos? Nada. Não seria nada, no entanto os pobres continuam a pensar que o luxo dos ricos é o seu principal alimento.
Todos gostam de ser importantes e se possível não pensar muito, porque se o fizessem lembrariam apenas que gostam de esquecer a realidade.
Ao contrário do que Jean Jacques-Rousseau me ensinou em pequenina, aprendi que as pessoas, duma maneira geral, são maldosas e têm ambição de poder e onde há ambição de poder não há amor, como o prova a tragédia de Macbeth.
Um cheiro de cedro abre-me os pulmões, altura para ficar por aqui.

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