segunda-feira, 7 de abril de 2014

OS ESCRAVOS PERDEM TUDO

Os escravos perdem tudo quando perdem as suas correntes até mesmo a alegria de se libertarem delas li algures e verifiquei isso quando ia às prisões, em trabalho.
Durante a reclusão, toda a gente quer sair, mas dias antes de sair e quando saem, a liberdade torna-se um fardo, quase insuportável de aguentar.
A liberdade é algo muito difícil de encarar.
Sermos livres, implica não sonhar com a liberdade, implica também o enfrentarmos os nossos fantasmas.
O momento do acordar, de enfrentar, é um momento bastante difícil.
Bem mais fácil é termos inimigos externos e lutarmos contra eles. Pessoas há que na ausência dum inimigo externo se viram contra si próprias.
O mundo está cheio de gente a saltitar à volta das suas fogueiras pessoais.
Toda a gente quer ser singular, não o sendo alardea-se a singularidade conhecendo-se o contrário.
A pergunta é: Que faço com a minha liberdade, para não fazer aquela outra, clássica, a liberdade existe?
Nós não temos com quem falar, independentemente de muitos falarem muito e com muita gente.
O futuro deixou de existir, a liberdade também, poder-se-ia dizer muito simplesmente.
Mas a minha resposta é: a liberdade deixa de existir quando o sonho que a sustenta acaba e recomeça quando voltamos a sonhar com ela.

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