segunda-feira, 4 de junho de 2012

COMO É QUE EU TRANSMITO?

Como é que descrevo?
Como explicar que as coisas são simples afinal?
Quando somos felizes, notamos tudo em volta, tudo é colorido, quando isso não acontece, é tudo a preto e branco.
A segurança também vem muito da felicidade.
Um dia António Ramos Rosa, na homenagem que lhe fizeram quando já tinha 82 anos, perguntou: "Como é que um velho pode nascer?" E a resposta veio pelo próprio no dia seguinte: "Pela poesia".
Vem isto a propósito, de todos nós, um dia nos perguntarmos, como continuar com energia, com vontade sempre renovada, em especial agora que tanto precisamos dela para nos insurgimos contra tantas ditaduras, entre elas  a ditadura da banalidade, que leva, por exemplo, os Ministérios da Educação a retirarem a leitura de Camões e a filosofia das escolas. É incompreensível. Investe-se em cimento, na melhoria dos edifícios em detrimento do Edifício maior que é o ensino.
Eu acredito que é  também através do ensino e da educação que aprendemos a ser generosos e  generosidade precisa-se, é muito importante esta virtude.
Há poucas pessoas simples, modestas e generosas ao mesmo tempo, mas ainda se vai encontrando e quando se encontra esta gente densa e intensa, que nos transmite felicidade e o sentimento de que tudo é simples, é uma suprema alegria. O peso expressivo que possuem às vezes chega a ser poesia.
Esta gente é tudo menos banal. Quando se é transparente, claro, leal e generoso, tudo se torna mais simples.
Para quem lê e escolhe o lado menos banal da vida, para quem faz a relação do ser com o conhecimento, com a terra e uma proximidade do religioso que não é religiosa, para quem se funde com a natureza, chega-se a um estado simples afinal. Esta descoberta fi-la há muito pouco tempo.
Ontem falava do tempo, do presente, passado e futuro. Hoje queria escrever sobre isso, mas não saiu. Andei aqui às voltas, mas pelos vistos ainda não estou preparada para escrever sobre o tema, mas uma coisa eu sei, é que o presente é sempre a folha em que escrevemos.
A passagem do tempo é tema muito abordado em toda a literatura, mas só consigo escrever sobre aquilo que sinto e sobre a minha experiência, nem que seja através da experiência que sei dos outros.
Há quem o trabalhe duma forma mítica.
Quando me sentei aqui ao computador e pensei falar sobre isso, veio-me à memória, que o tempo está ligado a muitas outras coisas e, ter uma licenciatura na área das ciências, se calhar não me libertou.
É um tema difícil. O tempo está ligado a  muitas outras coisas, como a felicidade, a liberdade e tantas outras, mas nunca houve tão pouco tempo para tudo como agora, embora se fale muito mais do tema, eis o paradoxo.
Tudo caminha com o tempo. O que hoje parece eficaz, deixa de o ser no dia seguinte, visto que as coordenadas mudam, visto que o mundo é feito de mudança.
Um dia haverá que vou falar sobre o futuro, o presente  e o passado, o DEVIR, um dia.

3 comentários:

Helena disse...

Não há volta a dar-lhe!
Nós vivemos sob a influência de duas acelerações do tempo:
a que resulta do nosso próprio envelhecimento;
e a que resulta da atual velocidade da comunicação.
Ainda lhe podíamos juntar mais uma: a que se relaciona com as distâncias geográficas, que se encurtaram. Mas estas duas bastam.

Beijo, Homónima!

lua vagabunda disse...

"Há poucas pessoas simples, modestas e generosas ao mesmo tempo, mas ainda se vai encontrando e quando se encontra esta gente densa e intensa, que nos transmite felicidade e o sentimento de que tudo é simples, é uma suprema alegria. O peso expressivo que possuem às vezes chega a ser poesia.
Esta gente é tudo menos banal. Quando se é transparente, claro, leal e generoso, tudo se torna mais simples."

É verdade. Conheço e tive o privilégio de ter conhecido pessoas assim... curiosamente (ou talvez não) eram (são) pessoas sempre pouco "letradas"...
E, pergunto eu, será que o conhecimento académico é inversamente proporcional à simplicidade?
Pensaremos nós (os pensantes) que somos ou estamos mais aptos a sermos simples? Ou o facto de o sermos complica tudo?

Também não sei escrever sobre isto... Só tenho perguntas...

lenço de papel; cabide de simplicidades disse...

tenho para mim que o ser letrado ou não, nada tem a ver com o ser simples,transparente e generoso. Conheço pessoas cultas que o são. Olha, por exemplo, os poetas, é raro um poeta, a sério, não ser estas coisas todas ao mesmo tempo e até tenhpo dois bons exemplos no mesu grupo, o Amadeu Baptista e a Isabel Mendes Ferreira e tu, por exemplo, que quando falei a 1ª vez contigo, fiquei admirada com tanta transparência. Um beijo