sexta-feira, 29 de junho de 2012

IMPOTÊNCIA

Não queria mais nada a não ser que estivesse vivo quem eu queria.
Não se pode fazer mais nada a não ser perservar a memória.
Contra a morte nada se pode. Impotência total.
Podem-me falar dos senhores da nova ordem mundial, da ascenção da economias emergentes, da Europa e da sua atracção para o abismo, dos dirigentes europeus que andam a brincar com fósforos, dos submarinos do Paulo Portas, dos erros e das chantagens das maiores agências de "rating" ligadas a bancos e a empresas portuguesas, que o Estado vai assumir os créditos de Duarte Lima e de Figo. Podem passar pelos meus olhos todos os títulos, todas as desgraças, mas a maior desgraça que me aconteceu foi a morte, a morte de quem eu queria que estivesse vivo.
Podem dizer-me que as empresas municipais são um buraco, que empregam cerca de 4000 pessoas, que trabalham sem nada produzirem ou que Vítor Gaspar é um Ministro independente do Governo PSD e que é competente e rigoroso, podem-me dizer que continuam à procura da solução da crise, mas faltas-me e esta tristeza não me larga.
Dizem-me que a Cx. Geral de Depósitos está entregue às diversas ganâncias dos diversos poderes; da elevadússima corrupção em Moçambique; do elevado racismo do judaísmo com os pretos judeus; que o António Mexia vence milhões e que a sucessão de Cavaco  mexe demasiado na direita mas à noite, quando estou na cama tu me apareces e deixo tudo, incluindo o medo e os sapatos porque já morreste, já não existes e eu continuo muito triste.
Que continuamos nos braços da FMI, agora com a troika, que não sei o que é feito do Vara ou do Penedos, que a China se casou com a REN e que os Angolanos vieram colonizar Portugal e que as políticas são erradas e que a crise é reforçada.
Tudo isso é muito importante, é o mundo em que me reparto, o espanto com que acordo, as incertezas e surpresas que me inundam, o tédio, o medo e a melancolia que me espreitam, mas faltas-me e há dias em que as paredes são feitas de sombras e me falta a luz e o ar.

3 comentários:

Helena disse...

Um beijo enorme para ti, Homónima.
Na verdade tudo se relativiza se pensarmos a sério no que é mesmo maior do que nós e a vida.
Foi por isso que postei no fb ontem aquela fotografia e falei de um dia "quase perfeito".
Afinal, tinha passado um dia sem ansiedades, nem pensamentos negativos.
E celebrei-o, sozinha, com uma imperial e uma fatia de pão alentejano com azeitonas...

lenço de papel; cabide de simplicidades disse...

A vida é muito difícil e quem achar que é fácil é um chapado idiota. Obrigada Helena amiga

lua vagabunda disse...

... e ainda por cima é nossa!