sábado, 30 de junho de 2012

BOA NOITE

FOTOGRAFIA DO DIA




 


quero férias ( de barco, de avião tanto faz) 



DIA APÓS DIA

Ansiando por transcendência, alguns com jactos de palavreado e satisfação em andamentos.
Levarmo-nos a sério, uma das piores coisas que há.
Há dias outros que são um pas de deux.
Dias difíceis, sem contribuições, nada interessantes. Outros que vacilam, simplesmente, da sua exacta e mais que perfeita bissectriz entre o que é possível e macio e os seus reflexos e apenas um passo para o lado errado, para o que não existe, para o que desmoraliza.
Com leituras  da realidade desprovidas de dinâmicas novas.
Quantos dias vivemos nós na prática, se há tantos que apenas sobrevivemos, que deixamos que corra o tempo, o mais depressa possível?
Antes havia as férias para serem dias diferentes. Hoje, muita gente apenas se pode banhar no dia a dia.
Há dias sem consistência, direcção e consciência dos seus próprios expoentes.
Há dias em que se pressente o esfumar dos sonhos, outros há em que a força da vida é tão grande que valem a pena.
Há-os invulgares.
Somos os interpretes dos nossos dias mas nem sempre somos convincentes. Quase sempre clamamos por mais.
Há dotes que se ausentam, outros que saltam e nos enriquecem.
A idade às vezes traz-nos algum sol e fornece-nos belos elementos acústicos.
Dias que se revelam importantes e lançam nova luz sobre outros dias.
Dias que nos retiram da obscuridade constante e são variados e enormes.
Dias em que nos encontramos na nossa complexidade.
Dias em que experimentamos pulsões contraditórias quer do imediato mais voluntariosamente primitivo quer do formalmente requintado.
Dias geométricos, sem cronologia em que diferentes conjuntos se confrontam.
Dias sem cor, dias com cor.
Dias com experiências.
Dias com vontade expressionista.
Dias com marcas longas, longuíssimas.
Dias de automatismos de 1º e 2º grau.
Dias em que temos que inventar tudo.
Dias simples, primitivos.
Dias de liberdade, num nunca mais acabar de surpresas, aconchegados.
Dias envolventes.
Dias do outro mundo e dias com mundos plenos de possibilidades.
Dias em que o sol nasceu no sítio exacto.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

BOA NOITE

FOTOGRAFIA DO DIA

IMPOTÊNCIA

Não queria mais nada a não ser que estivesse vivo quem eu queria.
Não se pode fazer mais nada a não ser perservar a memória.
Contra a morte nada se pode. Impotência total.
Podem-me falar dos senhores da nova ordem mundial, da ascenção da economias emergentes, da Europa e da sua atracção para o abismo, dos dirigentes europeus que andam a brincar com fósforos, dos submarinos do Paulo Portas, dos erros e das chantagens das maiores agências de "rating" ligadas a bancos e a empresas portuguesas, que o Estado vai assumir os créditos de Duarte Lima e de Figo. Podem passar pelos meus olhos todos os títulos, todas as desgraças, mas a maior desgraça que me aconteceu foi a morte, a morte de quem eu queria que estivesse vivo.
Podem dizer-me que as empresas municipais são um buraco, que empregam cerca de 4000 pessoas, que trabalham sem nada produzirem ou que Vítor Gaspar é um Ministro independente do Governo PSD e que é competente e rigoroso, podem-me dizer que continuam à procura da solução da crise, mas faltas-me e esta tristeza não me larga.
Dizem-me que a Cx. Geral de Depósitos está entregue às diversas ganâncias dos diversos poderes; da elevadússima corrupção em Moçambique; do elevado racismo do judaísmo com os pretos judeus; que o António Mexia vence milhões e que a sucessão de Cavaco  mexe demasiado na direita mas à noite, quando estou na cama tu me apareces e deixo tudo, incluindo o medo e os sapatos porque já morreste, já não existes e eu continuo muito triste.
Que continuamos nos braços da FMI, agora com a troika, que não sei o que é feito do Vara ou do Penedos, que a China se casou com a REN e que os Angolanos vieram colonizar Portugal e que as políticas são erradas e que a crise é reforçada.
Tudo isso é muito importante, é o mundo em que me reparto, o espanto com que acordo, as incertezas e surpresas que me inundam, o tédio, o medo e a melancolia que me espreitam, mas faltas-me e há dias em que as paredes são feitas de sombras e me falta a luz e o ar.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

BOA NOITE

FOTOGRAFIA DO DIA

EM PAPEL

INQUIETAÇÃO

Posso começar assim:


Não tenho representação na AR. O PR não me representa. Não tenho Partido que me represente.
São raríssimos os portugueses que sabem escrever e falar e quase todos não querem saber. Dizem que ninguém lhes falou disso e  eu inquieto-me.
Andamos estes doze anos ou mais a combater o défice. É uma guerra velha, já Pina Moura, ministro de Guterres, ensaiou os primeiros passos, mas só conseguiu aumentar o seu rendimento anual de 22 814 euros para 697.338 euros numa década, que se saiba.
Ferreira Leite começou a austeridade e Sócrates continuou-a em 2008.
Em 2010 vêm os mercados (que não são mais que os interesses capitalistas mundiais, em especial americanos, a impor regras aos países da periferia europeia). O desemprego disparou e eu inquieto-me.
Os bancos foram ao fundo a partir de 2007, começou com o BCP, depois o BPN, o BPP e as diversas tentativas de fusão do BCP com o BPI sem sucesso e com capital angolano. E eu inquieto-me.
Vieram as privatizações, os accionistas estrangeiros. Há 12 anos que não param de privatizar os mais importantes.Vamos ser mandados pela China em vez de sermos  pela América, a China alcançou desde 2010 o lugar de maior economia do Mundo, batendo o Japão e eu fico na mesma.
Assistimos a mais uma crise do capitalismo que de vez em quando entra em crise de crescimento e os povos pagam. Em poucos anos duas "bolhas".
Nos finais dos anos 90 havia empresas a bater recordes em bolsa sem nunca terem dado lucro e eu já me inquietava.
Depois em 2000 o Nasdaq veio dizer ao mundo que a bolha tinha estourado.
Sabem porque estamos inundados de Chineses?
Porque a China desde o início dos anos 2000 anda a acumular reservas em dólares e a canalizá-las para os E. U. para financiar o défice externo americano, ajudando a manter os juros a longo prazo, baixos.
Alimentaram a bolha do mercado imobiliário que começou a esvaziar em 2007 e continua a esvaziar com os tais lixos tóxicos (grande invenção deste século) que intoxicaram todo o Mundo, uma espécie de bomba atómica.
Então a ideia peregrina, iniciada, como sempre nos E.U. foi "salvar" Bancos para injectarem dinheiro na economia.
No caso português vimos o que aconteceu, ainda estamos a pagar e continuaremos a pagar esse salvamento e a injecção do dinheiro na economia não se vê e eu inquieto-me.
E podia continuar com a lista das minhas inquietações, como seja que a maioria dos portugueses vê muita televisão e fala muito ao telefone, mas não para saber destas coisas, mas de outras e isso inquieta-me.
Vou ficar por aqui porque sei que as minhas inquietações são as vossas e todos nós as conhecemos, já que quem me lê sabe mais do que eu, duma maneira geral.
Porque trouxe isto para aqui hoje? Não sei, aconteceu. Talvez para exorcizar  as minhas inquietações (para não falar em revolta, porque a "doença" tem evoluído), tentativa falhada, mas temos que sobreviver apesar de tudo e com Tudo.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

BOA NOITE

FOTOGRAFIA DO DIA



A AMIZADE

GENTE

Há conflitos  labirínticos.
Há pessoas que são detentoras de grande verticalidade e carácter. Pessoas dignas.
Quando olho a sociedade global com os seus ressaltos, com tantas regressões, atropelos, depressão e violência, só posso analisar e perceber estes tempos apoiando-me na História de outras épocas eivada dos mesmos condimentos.
Estamos a assistir ao desfazer de coisas boas à sua destruição paulatinamente.
Mais dramático ainda é o consentimento por parte dos governados. Assiste-se ao começo do fogo e nem  numa mangueira se desloca do sítio, fica-se colado ao chão, a ver o destino passar por nós.
Não aceito o que leva certas pessoas à destruição, não aceito visões simplesmente horizontais, imanentes.
Não reconheço nenhuma ideologia subjacente, nenhuma filosofia nesta gente que nos governa.
Caminhamos para o abismo a passos largos. Parece que assistimos a uma certa eugenia social. Há novos valores do "bem e do mal" Hoje o bem é ter dinheiro não importa como. O amor e a amizade são relegados para ultimíssimo plano.
A maioria das pessoas não tem como objectivo redescobrir-se a si próprias, mas antes combater-se a si e aos outros.
Há gente viscosa, em decomposição, em ruína.
Há gente enlameada, só que não dá conta, porque os sapatos estão engraxados.
Gente que continua num lamaçal e que se enterra cada vez mais e a realidade objectiva é relegada para um plano secundário, mas  há ainda  pessoas que agem e aquelas que ruminam e há as outras, as primeiras, as dignas.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

BOA NOITE

FOTOGRAFIA DO DIA



BOLA, BOLAS E MAIS BOLAS

A TENTAÇÃO NATURAL

A tentação que todos temos de escrever, de nos juntarmos ao mundo que se vê e que se sente, ao mundo que nos provoca emoções.
Não há Evas ou Adões neste mundo. Todos somos os primeiros, porque nascemos no interior dos outros, dos que escreveram antes.
Todos nós copiamos textos que não sabemos que existem.
Todos nós somos todos os autores antes de nós.  Se quisermos ser Shakespeare, podemos dizer palavras, palavras, palavras.
Mas podíamos ser Pessoa ou Camões, porque recebemos palavras ao mesmo tempo que nos impossibilitamos de as dizer até ao fim, de exprimir o nosso sentimento.
Todos queremos deixar obra para a posteridade, nem todos o conseguem, mas muitos tentam.
Todos queremos ser recordados nem que seja com um simples diário e é sempre uma tentação de quem habitou a Terra.
As pessoas são muito diversas, mas apenas no acessório, no essencial somos todos muito parecidos.
Quando somos crianças mimadas, pensamos ser o centro do Universo. Somos omnipotentes.
Crescemos e continuamos a sonhar um pouco com isso, mas a sociedade é o contrário, é admitir que cada um é importante por si mesmo e que nós somos apenas mais um dentro de um mundo de pessoas que têm os seus próprios fins... ora isso é difícil de suportar.
Quando nos pomos a falar connosco próprios, a filosofar, é prepararmo-nos para morrer, segundo Sócrates, é nessas alturas talvez que nos colocamos perante os tais dilemas insolúveis, entre os quais a morte.
Quem pensa pela sua própria cabeça, quem filosofa, reflecte filosoficamente sobre tudo.
Podemos fazer filosofia a partir de qualquer coisa, eu faço a partir da minha vida.
A minha vida não é enfática, logo as frases que escrevo não são pensadas para serem máximas.
Vivemos numa sociedade paradoxal. Quanto mais global se torna, mais pessoas há a defenderem a sua individualidade.
Mas falava eu do tema da separação, da impossibilidade de vivermos para sempre e é isso que nos leva à tentação natural de nos prolongarmos nos outros e escrevermos para nos repetirmos.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

BOA NOITE

FOTOGRAFIA DO DIA



MINHO

CENTRO DO MUNDO

Onde fica o Centro do Mundo?
Onde nós estivermos, seguramente.
Hoje, todos podemos estar no centro do mundo com as novas tecnologias, até o nosso coração está.
E acabou o isolamento por isso?
Todos nós podemos falar de tudo como faziam os príncipes renascentistas, mas pensar com a própria capacidade de pensar, de se fechar em si mesmo para reflectir, só muito poucos.
As pessoas estão convertidas a zombies, a autómatos, a representar papéis que não escolheram.
Tudo gosta de estar no centro, talvez para se afastar das margens e as ver distantes.
Gostam ainda muitos de ser cultos, mas a noção de cultura mudou tanto que quase se esfumou, transformou-se num fantasma, porque já ninguém é culto ou todos o são.
Mas o centro do mundo é uma ilusão de óptica, um erro de perspectiva.
Faz-se muita desconstrução artificiosa, muita palavra inútil. Enfatiza-se muito.
Parece que tudo se desfaz como castelos de areia, que antes tinham sido lindos e apreciados. As emoções querem-se imediatas e fascinantes. Viajamos imóveis pelo meio de tudo isto.
Estamos sempre de vaucher na mão, prontos a viajar para outros mundos, mas as aventuras mesmo, as sensações, os humores, os cansaços e alegrias, essas só se podem viver estando lá, naquele sítio, exercendo o dia a dia, a revelar-se, a imprimir-se, a aperfeiçoarmo-nos no viver.
Há fases em que as sensações são  mais intelectualizadas.
Algumas há até, de sono e cansaço, de inconformismo, da consciência da fragilidade humana.


domingo, 17 de junho de 2012

BOA NOITE

FOTOGRAFIA DO DIA


PONTE DE LIMA

Á PROCURA DUMA JUSTIFICAÇÃO

Nunca ou quase nunca se encontra  uma razão... e quando assim é, inventa-se.
Porque é que? Porquê isto?  Porquê eu?
Sempre a mesma renovada inquietude, a mesma sinceridade íntima.
Reabilitamos, inserimos, juntamos, arranjamos, socializamos bocados da nossa vida. Damos-lhes outra dimensão.
Conhecemos muitas pessoas ao longo da vida, muitas situações, muitas histórias e a certa altura é quase como folhear um livro, um romance com vários volumes.
Há muita coisa que esquecemos outra que não queremos lembrar e sempre a interrogação da vida e sempre o mesmo questionar.
Nem sempre conseguimos dobrar as razões, escolher as verdades. Consumimo-nos por não ter razão, mas sempre vai persistindo um valor maior, é o valor do vivido, do experienciado, é a Vida.
Há coisas e pessoas que nos fascinam, não no seu todo, mas em partes.
Uma boa conversa, uma conversa em que se vai desocultando os sentires são momentos fantásticos.
Uma paisagem que nos eleva e nos faz acreditar em milagres, são ocasiões únicas.
Quando novos pretende-se saber a causa de tudo, depois saboreia-se os tragos que a vida nos oferece, sem buscar as derradeiras causas e tenta-se compreender as verdadeiras ilusões.
Deixa de ser tão importante saber o porquê de tudo. Acontece porque acontece.
A alegria do movimento do antes do porquê, do depois, com ossos, com músculos transforma-se numa alegria de pele e diferenciam-se as várias qualidades de energia, as úteis e inúteis em cada momento.

terça-feira, 12 de junho de 2012

NÃO QUERO

Sinto-me empurrada.
Não quero, não gosto de ser levada. incitada ao ódio.
Quero continuar com as minhas ideias, a comungar com as pessoas, a partilhar o espírito cooperativo.
Quero continuar a amar a liberdade na sua essência, não a minha liberdade, mas a de todos, mas para amar a liberdade dos outros eles não podem ser escravos.
Quero voltar ao sonho e à razão, à paz do quotidiano.
Quero  que todos voltem à força do trabalho. As pessoas têm direito ao trabalho, têm direito à felicidade, as crianças o direito a serem crianças e prolongarem a sua infância para virem a ser adultos saudáveis e pacíficos.
Quero voltar ao mundo de pessoas conscientes, quero que estes monstros inconscientes sejam derrubados, que o mesmo é dizer que a loucura, os inconscientes, a obscuridão desapareçam.
As pessoas devem confrontar-se com outros problemas, não com o desemprego, a fome e a doença.
Vivemos num caos, não num caos transformador, fundador de alguma coisa, mas apenas no caos.
A extrema precariedade não é boa conselheira. Singram os manipuladores, os pretensos sábios disto e daquilo, os medíocres de todos os matizes.
Não quero viver assim e como eu, quase todos.
Houve demasiada gente a sofrer para se fazer o 25 de Abril, porque tiveram a coragem de dizer não, para nos devolver a esperança, temos que lhe devolver a memória.
Em vez desta gente boa, vieram os oportunistas empoleirados na política, os terroristas financeiros, os criminosos de colarinho branco. Esta nova gente, a gente das promessas  tomou conta de tudo e como diz a canção "eles comem tudo e não deixam nada".
Não quero ver os reformados à espera  da morte nos bancos de jardim.
Não quero ver gente escravizada e enganada.
Não quero ver gente com fome e com vergonha, vergonha até por não ter emprego.
Não quero continuar a assistir ao paraíso destes senhores, ao "deixem-nos trabalhar" , não quero, não posso.
Não quero governantes e políticos que não estejam ao nosso serviço, mas apenas ao serviço dos seus próprios interesses.
Vivemos vinte e quatro horas de noite, na noite, não quero.
QUERO SOL, QUERO LUZ, QUERO DIA, QUERO ALEGRIA.
Quero que o conceito de classe social seja renovado porque há classes sociais.  Há os ricos e os pobres.
Quero que todos os meus compatriotas respirem e vivam.
Está a faltar-me o ar.

BOA NOITE

FOTOGRAFIA DO DIA


PRECISO DUM AVIÃO JÁ

DE QUEM EU GOSTO ATÉ AO CABIDE CONFESSO

A curiosidade nem sempre mata e quando não mata, ajuda a descobrir e a redescobrir, a cultivar fragmentos.
Gosto de pessoas poliédricas. Gosto de quem pense sobre várias coisas, que imagine e seja rigoroso ao mesmo tempo.
As pessoas com uma postura crítica, mas que procuram os factos de maneira dinâmica normalmente leêm-nos pelo seu avesso, imprimindo-lhes um carácter dialéctico e compreensivo. São pessoas empenhadas e demonstram claramente que o individual se cruza com o colectivo.
Só estamos presentes no mundo quando se percebe bem o individual, quando se dá conta do peculiar. Há que descobrirmo-nos o melhor possível, para melhor conhecermos os outros.
A busca das diferenças é tão essencial quanto a das semelhanças, para nos encontrarmos melhor.
Gosto do pensamento politicamente incorrecto.
Gosto que as pessoas saibam os seus direitos mas não esqueçam os seus deveres.
Um dever por cada direito, mas como pode isso acontecer se as pessoas nem ao cinema vão, quanto mais à fruição de outros conhecimentos, de outros saberes e culturas, para saberem o papel que lhes cabe neste mundo.
Qual o investimento do Estado em Cultura? Qual a percentagem de população "letrada", i.é, que frequenta a cultura? 20%, 25%, talvez muito menos ainda, mais não deve ser, a outra percentagem, 75%/80% assiste ao lixo televisivo, aos reality shows, à pimbices de toda a ordem.
Chama-se democracia, o sistema que em Portugal não defende o bem estar e a qualidade de vida da maioria dos portugueses.
Gosto de gente que se dedica ao bem comum, gente que voluntária e dedicadamente, ajuda a erguer obras, que se empenha, que participa, que se solidariza e entrega a um ideal cívico.
Gosto de gente despoluída.
Normalmente trata-se de gente doce.
Enfim, gosto de pessoas que com os seus pequenos/grandes contributos, como os seus fios muito finos  e quase ténues, tecem a História oficial.
É de todos os pequenos contributos que se constrói a História dum povo, não tanto de D. Joões II, o tal grande rei que matou friamente para assegurar o seu poder.

domingo, 10 de junho de 2012

A INFELICIDADE EVOLUÍU

Voltamos ao antes do 25 de Abril? Parece, embora com a diferença de termos muitas auto-estradas e muitos carros e muitas propriedades privadas e viagens a crédito e muitos electrodomésticos, a maioria tem duas e três televisões, e muitas coisas inúteis, muito consumismo. Fomos colonizados pela lógica do consumo.
Antigamente era a classe social que ditava o consumo, hoje é o indivíduo que quer estar bem consigo próprio, bonito, é a identidade individual que conta.
Vivemos uma época que nem a política nem as tradições, contribuem para a formação da identidade, mas sim o consumo.
Hoje o sofrimento é para os pobres talvez maior, ouso dizê-lo. São hiperconsumidores, assim os fizeram, não querem apenas comer, querem marcas, aspiram ao que vem na publicidade, nos centros comerciais e na televisão.
Gilles Lipovetsky explica isto dizendo que antes a cultura de classe fechava as pessoas no seu mundo, interiozavam a pobreza, pensavam: "Aquilo não é para mim", hoje já não se verifica isso.
Se não puderem ter o último telefone da moda sentem-se miseráveis. As pessoas são mais infelizes agora, mesmo com mais bens à sua disposição.
As pessoas têm grandes expectativas para as suas vidas e estas não se cumprem.
Há muita revolta, muito medo e também muita devoção à arte do deixa andar.
Passados que foram os tempos de irreflexão, das viagens ao México, dos patos brancos sobre a Pr. de S. Marcos, ainda no ano de 2000, recordo-me ouvir  mais um relato das  viagens de funcionárias administrativas após férias.
Era o tempo de tudo é possível, em que tudo fica bem e nada parece mal. Tudo vestido de igual.
Estamos diante da submissão total da revolta à globalização da banalidade, para não esfolar o cérebro, o que conta é não dizer asneiras, nem alterar o tom de voz, é preciso darmo-nos bem com todos. Está-se no tempo do absurdo, da individualização, da insipiência calejada de austeridade.
Às vezes parece que o individuo se encontra fora da sociedade.
Estou a lembrar-me da discussão ainda recente relativamente à arte, em que se queria que esta estivesse completamente fora do indivíduo, se calhar para o indivíduo estar fora da sociedade.
A globalização do inútil permite que esqueçamos o que pretendemos e nos apresentemos como  aquilo que julgamos ser.
Saímos ou estamos a sair do limiar da ambicionada liberdade de não sermos fruto de nada.

sábado, 9 de junho de 2012

BOA NOITE

FOTOGRAFIA DO DIA


MÃE E FILHA

CLARO E ESCURO

Rancorosos rebanhos circulam para desdenhar de outros rebanhos formando pontos de vista sem defesa.
Necessário se torna demolir todos estes delírios de "arquitectos"loucos.
Há muito que se acredita em fantasias, anteriormente foi com George W. Bush II, um dos piores EVENTOS neste início do séc. XXI, começando pela tragédia da Palestina, que todos os dias nos chegava no conflito Israelo-Árabe,  a invasão do Afeganistão, logo em 2001, a guerra do Iraque, desenvolvida sob uma chusma de mentiras, agora uma Europa governada pela extrema-direita, mais que ultra-liberal, subjugando-se mesmo assim a uma alemã comprometendo o presente e o futuro dos povos da União.
As "evidências factuais" não existem, apenas fantasias, ficções e há mesmo dirigentes europeus, acompanhados de dirigentes portugueses que vieram em enormes cápsulas espaciais e especiais e, pousaram na Terra. As suas formas são parecidas com as dos outros, por isso a maioria de nós, não lhes conhece a enorme diferença à partida.
Construíram uma catedral, arrecadaram fiéis. Adoram uma mísera estrela de milionésima quinta categoria, chamada Capital, que consideram um glória celeste.
Expulsaram e expulsam todos os não crentes ou mais cépticos dessa estrela. Utilizam um slogan: "Todos pela Merkel e a Merkel por poucos".
Constituem um edifício demasiado feio, mas sentem-se muito confortáveis e arrebatados no seu interior.
Criaram este edifício/catedral verdadeiramente horroso para perpetuar as memórias das políticas contra os povos, para as organizar e manter e sempre que possível ampliar os seus objectivos. Pensaram, inclusive, atribuir prémios aos que mais trabalham para a prossecução dos seus objectivos. Juraram não ceder a quaisquer actividades que criem riqueza e bem estar para os povos. O edifício/catedral apenas tem como fim principal, o nosso empobrecimento e infelicidade.
Estatuiram-se com órgãos e dilatou-se o seu funcionamento. Decidiram sobre o Conselho de Administração que teria que ser composto pelos mais permissivos e arrivistas de todos eles, os escolhidos pelo Presidente da Cápsula.
Quando chegaram à formação do Conselho Fiscal, deixaram mais uma vez, em grande parte a loura alemã decidir, conjuntamente com os mercados e o BE, todos aliados na contabilidade do edifício.
Todos os membros tinham que ser masoquistas e sádicos para espancar os povos e pô-los a pão e água.
O fim primeiro e último seria  espalhar o sofrimento por todo o lado, já que estavam eivados de muito amor ao sofrimento. Ser perverso era também uma das condições básicas de recrutamento, por isso, usufruíam salários de Presidentes de Banco de Portugal que em 2006 Vítor Constâncio, recordo-me,  era de 208.000 euros/ano mais mordomias. Nessa altura o Sr. Greenspan, presidente da Reserva Federal Americana ganhava menos.
E sem claros nem escuros estes e outros seres do Além e Aquém-Mar proclamam que os portugueses devem ganhar menos, que há que restringir nos ordenados, essas despesas surpéfluas.
Nós, os outros, aqueles para quem Eles trabalham no escuro,  nós o CLARO, estamos em campos de batalha há demasiado tempo, mesmo havendo quem goste desses locais, é demasiado tempo, já que antes atravessamos desertos e quando encontramos um oásis perdemo-lo de novo.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

BOA NOITE

FOTOGRAFIA DO DIA


JUNHO

FALANDO COM O PRESENTE

Partilhamos impossíveis. Foges-me. Vestes-te de devir.
Gozo com o tempo, com a invenção do tempo.
Aguardo-te, embora nem sempre te espere.
Lá fora o dia rompeu.
Eu estou aqui à espera de fazer um programa. Invento-te, já que não posso agarrar-te.
Brinco contigo, tempo, e com o desejo de nos termos.
Tens-me sido fiel até agora, todos os dias recomeças tudo outra vez.
Tens-me chegado sempre. És-me necessário, possante.
Estamos sentados lado a lado, mas apesar de tudo não somos íntimos, às vezes estás longínquo mesmo assim.
Não se sonha com o presente, só com o futuro, não acho bem, é injusto.
Seis vezes seis trinta e seis, às vezes pareces-me mas não és.
Parece que tens electricidade estática, eu sei que é um fenómeno muito comum.
Hoje é feriado, vamos mandar às urtigas o Futuro e o Passado, vamos ficar juntos e livres.
Não me dês respostas para ontem, como é teu costume e muito menos para amanhã.
Que pena não haver manual de instruções a ensinar-me a conviver contigo.
O Futuro e o Passado deixaram-me recados em todo o lado, a dizer como se vive contigo. O Futuro deixou-me no espelho da casa-de-banho um recado a dizer que tu existes, que me garantia.
O Passado, deixou um pos-it na secretária, a dizer que ocupasse bem os espaços vazios contigo, para nos juntarmos os dois a ele.
Ambos falamos da melhor forma que sabemos, às vezes até me fazes desenhos quando não entendo, és bonzinho, outras és bravo, fazes de  mim um assado, um guisado, mas nunca te ausentas, é verdade.
Há dias em que me apetece dizer-te, gritar-te: Não te quero deixar para trás. Somos felizes.
Há dias em que matas o tempo espreitando quem passa nas esplanadas da vida e arrastas-me contigo. É nessas altura que nós os dois vemos o Passado e o Futuro a passar, alinhados, a prumo, à nossa frente como se fossem um arco-íris;  às vezes até os vemos  a alçar a perna e a mictar para o lampião.
Outras vezes parece que estamos numa guerra prolongada e lambuzas-te comigo, deixando-me pendurada à esquina, esperando o Futuro, que violência, não te fica bem.
Às vezes, às vezes não passas dum dia sem história, não caminhas, nem me olhas de frente.
Continuo a procurar-te, porque procuro muito melhor quando te encontro.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

BOA NOITE

FOTOGRAFIA DO DIA



MEU PAI

SAUDADES

Já toda a gente ouviu dizer que se tem saudades também do que nunca se viveu.
Quando ouvi isto pela primeira vez, custou-me a perceber, mas a vida encarregou-se  de me ensinar e, de que maneira.
A saudade existe, logo afirma-se, é viva e dá vidura.
Ortega Y Gasset meditou sobre este tema, no período em que viveu em Portugal, não conheço o que disse, mas sei o que sinto que me leva a parar um pouco para reflectir.
Tudo o que foi dito sobre o tema pode bem ficar na sombra, não gera o juízo a que o futuro se prende para agarrar do passado a face principal.
As minhas saudades, só posso falar destas e, por isso, uso o estilo confessional, fazem parte das memórias passadas, presentes e futuras e não têm prazos concedidos, senão dar-lhes-ia, um prazo breve e urgente.
As saudades dispõem de mim, tomando-me tempo e ultimamente sinto saudades do que não vivi.
Não vou entrar pela filosofia existencial e tão pouco quero embandeirar em nada. Os meus escritos, porque são para consumo interno, são o meu diário, não estão envilecidos com narcisismo, o que me oferece uma enorme tranquilidade.
A saudade penetra-me  imperativamente como o cheiro da maresia e algas nas narinas.
Os factos e são os factos que obrigam a pensar, ao falar aqui da saudade, estarei a tentar fugir à chusma de saudades que me assolam? Não sei responder.
Tenho saudades do que nunca se passou e pior do que nunca se vai passar.
Confesso que ultimamente, a saudade é algo que se encontra no epicentro das minhas cogitações e pergunto-me sempre se não podia ser evitado.
A saudade existe enquanto existirem humanos, já se sabe, mas as minhas saudades, as tuas saudades, as saudades de cada um de nós, só podem ter explicação na realidade que se vive.
A saudade personalizada tem muito poder.
Quando já se viveu mais do que  o tempo que temos para viver, percorremos talvez alguns trilhos de inquietude e de cuidado.
Saudade é desejo de repetir o passado no futuro deve dizer o dicionário que não me apetece ir consultar, mas a minha actual saudade não é essa, essa estaria bem mais acessível.
A realidade é radical e a realidade não são as coisas, somos nós, é o eu, a vida de cada um.
Quando pensamos sobre a vida e só pensamos, se calhar, nos momentos, em que a não vivemos, mesmo que a nossa decisão seja a contrária, verificamos que na vida não são as circunstâncias que decidem, as circunstâncias são dilemas, dilemas sempre novos, perante os quais temos que decidir.
A pessoa é futuro, queira ou não, e a prova disso é que a vida humana é uma constante ocupação com algo futuro, por isso é que sendo nós uma continuidade, pontos de encontro nos surgem na esfera da reflexão, mas não me alheio do princípio básico que é: faz-se o caminho caminhando e assim novas saudades e reflexões se irão juntar a estas.    

terça-feira, 5 de junho de 2012

BOA NOITE

MOMENTOS

Há palavras matreiras, que só sabem rodopiar ao vento. Quando estou quase a conseguir apanhá-las, são levadas de novo e fintam-me vezes sem conta. Enganam-me.
Apanho-me desprevenida de vez em quando. Fico desenquadrada do ambiente, desavisada e sorridente. As palavras escapam-se-me por entre os dedos.
Fogem a sete pés ou esgueiram-se.
Enxoto adjectivos.  Desactivo-me temporariamente.
Receio as palavras, mas também me alegram, quando são proferidas por outros.
De pé, orgulhosa, parada, não sei se triste se contente, porque não me vejo, apenas me percepciono.
Os dias entretanto fazem-me olhinhos, enquanto as portadas se espreguiçam.
Aguardo um Presente feito de Passado e de Futuro. Aguardo que um dique rebente, que inunde tudo à sua passagem, ensopando tudo, numa torrente inevitável.
Aguardo no ar que farejo como um perdigueiro que tudo volte a acontecer.
Daqui olho o céu sem vestígios de limites que é um bom exercício para nos limitarmos ao que temos.
Brinco comigo e com toda esta pesca de arrasto que a vida parece ser. Brinco comigo, porque me vejo excessiva e ridícula a querer o Presente e o Futuro, de modo tão perdulário, quanto inútil.
Brinco com o Passado, o Presente e o Futuro, e com toda a conjugação verbal, o perfeito, o imperfeito, o mais-que-perfeito, o condicional e todos os particípios.
E com os gerúndios, parece que já não se chamam assim, mas tempos houve em que os polvilhava com especiarias.
Há momentos em que conduzo o Futuro a sítios bonitos, como cidades com museus e magia, jardins secretos. Ali entabulo conversas, contradigo-me, acotovelamo-nos e eis que encontro o Passado, dou mesmo de caras com ele. Encontro-o em todo o lado. Cheira-me bem e há uma mistura de pólen e resinas com um travo adocicado da mistura.
Acima de tudo, enterneço-me com o escavar do tempo,  mas também me  inquieto e  assusto, nem sei bem porquê.
Esta rola faz hu-hu-huuum. Hu, em árabe, li isso algures, é a forma do pronome que exprime o ausente. A rola arrulha e parece um hino, um hino triste.
Olá! Tenho saudades.
Há quem diga que tem saudades do Futuro, fica bonito, é diferente eu sei, mas confesso que ainda não consegui meter-me na cama com o Futuro, não somos íntimos, talvez um dia porque tenho muitas coisas para lhe segredar ao ouvido.
Quero dizer-lhe  um segredo.
Quero dizer-lhe que este presente não está a acontecer, não pode estar a acontecer, é como se o vazio fosse o espaço mais ocupado do país, porque as coisas não acontecem.
Vou dar um suspiro profundo para espalhar a alma toda.
Quero-te Futuro, vem depressa, não partas de novo, temos que recomeçar tudo de novo.
Ensaiarmo-nos de novo e mandar às urtigas todos estes tempos
Futuro queres um bocadinho do meu tempo presente? Empresto-te a fundo perdido.
Aceita o tempo que te dou/damos e preza-o, estima-o muito. Gasta-o com parcimónia, mas gasta-o bem, sei lá, usa-o  com Portugal.

DEAMBULANDO ENTRE PASSADO E PRESENTE



ANTES E AGORA

segunda-feira, 4 de junho de 2012

BOA NOITE

FOTOGRAFIA DO DIA


COMO É QUE EU TRANSMITO?

Como é que descrevo?
Como explicar que as coisas são simples afinal?
Quando somos felizes, notamos tudo em volta, tudo é colorido, quando isso não acontece, é tudo a preto e branco.
A segurança também vem muito da felicidade.
Um dia António Ramos Rosa, na homenagem que lhe fizeram quando já tinha 82 anos, perguntou: "Como é que um velho pode nascer?" E a resposta veio pelo próprio no dia seguinte: "Pela poesia".
Vem isto a propósito, de todos nós, um dia nos perguntarmos, como continuar com energia, com vontade sempre renovada, em especial agora que tanto precisamos dela para nos insurgimos contra tantas ditaduras, entre elas  a ditadura da banalidade, que leva, por exemplo, os Ministérios da Educação a retirarem a leitura de Camões e a filosofia das escolas. É incompreensível. Investe-se em cimento, na melhoria dos edifícios em detrimento do Edifício maior que é o ensino.
Eu acredito que é  também através do ensino e da educação que aprendemos a ser generosos e  generosidade precisa-se, é muito importante esta virtude.
Há poucas pessoas simples, modestas e generosas ao mesmo tempo, mas ainda se vai encontrando e quando se encontra esta gente densa e intensa, que nos transmite felicidade e o sentimento de que tudo é simples, é uma suprema alegria. O peso expressivo que possuem às vezes chega a ser poesia.
Esta gente é tudo menos banal. Quando se é transparente, claro, leal e generoso, tudo se torna mais simples.
Para quem lê e escolhe o lado menos banal da vida, para quem faz a relação do ser com o conhecimento, com a terra e uma proximidade do religioso que não é religiosa, para quem se funde com a natureza, chega-se a um estado simples afinal. Esta descoberta fi-la há muito pouco tempo.
Ontem falava do tempo, do presente, passado e futuro. Hoje queria escrever sobre isso, mas não saiu. Andei aqui às voltas, mas pelos vistos ainda não estou preparada para escrever sobre o tema, mas uma coisa eu sei, é que o presente é sempre a folha em que escrevemos.
A passagem do tempo é tema muito abordado em toda a literatura, mas só consigo escrever sobre aquilo que sinto e sobre a minha experiência, nem que seja através da experiência que sei dos outros.
Há quem o trabalhe duma forma mítica.
Quando me sentei aqui ao computador e pensei falar sobre isso, veio-me à memória, que o tempo está ligado a muitas outras coisas e, ter uma licenciatura na área das ciências, se calhar não me libertou.
É um tema difícil. O tempo está ligado a  muitas outras coisas, como a felicidade, a liberdade e tantas outras, mas nunca houve tão pouco tempo para tudo como agora, embora se fale muito mais do tema, eis o paradoxo.
Tudo caminha com o tempo. O que hoje parece eficaz, deixa de o ser no dia seguinte, visto que as coordenadas mudam, visto que o mundo é feito de mudança.
Um dia haverá que vou falar sobre o futuro, o presente  e o passado, o DEVIR, um dia.

sábado, 2 de junho de 2012

BOA NOITE

FOTOGRAFIA DO DIA


E POR FALAR EM NAVIOS A APITAR

A PROPÓSITO

Lembram-se das Selecções do Reader´s Digest que andavam por casa de muitos portugueses e em consultórios médicos?
As Selecções estavam a abarrotar de citações, de frases curtas para consumo de quem lê curto. O facebook destronou-as, em certa medida.
Toda a gente posta (como se diz lá), i.é, coloca citações que vê citadas em outros que...
São fantásticas as citações, há quem as coleccione porque dão sempre jeito ter a jeito.
Para mim, as citações têm sido uma boa matéria prima quando me sugerem assuntos para textos, como é o caso de hoje.
Há uma que vi recentemente  de H.L. Mencken, que nunca li, nem faço a mínima ideia de quem é, que diz: "Um idealista é alguém que ao perceber que uma rosa cheira melhor que um repolho, conclui que ela também dará uma sopa melhor".
Não é uma delícia? Estas frases prontas a consumir, são uma espécie de fast food, estão sempre prontas a comer e são de muito fácil digestão.
Claro que nunca me lembro duma citação na hora certa, nas alturas em que mais precisava, para não ser eu a falar e pôr o outro a falar por mim, no entanto há uma que me tem salvo alguma vezes, que é de Óscar Wilde, este já li,  que é: "Resisto a tudo, menos a tentações".
Vem tudo isto a propósito ou não, de ontem à noite não ter resistido a fazer o tal "teste do algodão" no facebook  depois de ter lido que havia 111 Observatórios no País, apeteceu-me criar mais um por um minuto e terminei o dia, dizendo que ia viajar até ao passado para ver  quem resistia a tal frase e vi.
Todos nós sabemos de que trata o efeito Pigmalião, embora alguns não lhe conheçam, o nome.
Pigmalião parece ter sido um escultor da Antiguidade, consagrado por Ovídio como exemplo da possibilidade de, através do poder mágico das expectativas, se operar transformações vitais.
Porque me lembrei deste "rapaz" agora? (de facto, compreendo os autores quando dizem que as personagens têm vida e começam a desenvolver-se por si, já que comigo, o texto às vezes é quem manda e  apenas tenho que o seguir como agora, lá vou a correr atrás do Pigmalião, não tenho volta a dar-lhe).
Porque tal como ele se apaixonou pela sua obra, uma bela mulher de marfim, a quem as deusas resolveram conceder vida, também nós acreditamos no que queremos acreditar, embarcamos no que queremos embarcar, vamos com quem queremos ir a isto se chama o efeito de Pigmalião, ora o que é dito ou escrito, seja nos meios de comunicação social, seja nos políticos ou no Facebook.
Circulam em todo o lado, frases, ditos, notícias sobre o nosso descrédito. Não acreditamos, duma maneira geral a começar pelo P.M., que somos capazes de mudança. Ora isso, dificulta cada vez mais as energias colocadas na tentativa ou empenhamento que se coloca na prossecução da tarefa, diz a Psicologia.
Temos quer para nós quer em relação aos outros, graus de expectância muito baixos.
Assim, apenas acreditamos no que acreditamos, i.é, no que já sabíamos, é isto o efeito Pigmalião e assim transformamos o verdadeiro em falso e o falso em verdadeiro. Não me lembro duma citação, teria que andar à procura, com se diz agora investigar, e como "investigar" dá imenso trabalho, só direi que esta coisa de vivermos um annus horribilis e nos virem anunciar não sei quantos mais,  ainda tem a ver com este efeito e que antes de ser já era vem a propósito digamos, por isso é necessário estar atento a ele (efeito) e a eles.
Se o hiperconsumismo é a a evolução da sociedade, como diz Gilles Lipovetsky (lá estou eu com citações, no meu caso é apenas para tornar o texto mais "credível"), também o consumo das citações é uma espécie de princípio do prazer que toda a gente busca. As pessoas lêem pouco, mas citam muito de autores que nunca leram nem sequer uma linha. É a vida!

sexta-feira, 1 de junho de 2012

BOA NOITE

FOTOGRAFIA DO DIA



O FALECIDO AVELÃ

CRÍTICAS

No tempo do Eça, o combate era contra o atraso do país. Eça criticava contundentemente a burguesia lisboeta, as instituições hipócritas. Na sociedade actual, em que a maioria professa ideologia capitalista, critica-se tudo, é um tempo de não glória, se é que alguma vez foi de glória.
Hoje encontramo-nos exilados na nossa própria terra.
Não temos um regime autoritário, temos um regime democrático, que dita as leis dum regime autocrático, com uma economia fragilizada, tal como nos anos 50/60/70 do século passado.
Não temos censura (?)
Formalmente não, mas continuam as pessoas a não dizerem aquilo que pensam, em especial, nos locais de trabalho, na A.R., nos meios de comunicação social.
Podemos chamar as coisas pelos nomes, mas muitos de nós, não sabem dar nomes às coisas porque nem sequer as reconhecem.
Os portugueses, à excepção dos políticos, grandes empresários, público e privados e, mafiosos vários, estão em sofrimento. Estão em dor.
Um povo que tem que peregrinar pelo mundo com saudades da Pátria, para ser livre de facto, porque só há liberdade quando há independência económica e hoje, em Portugal, tal como nos tempos de Salazar, não há independência económica para a maioria.
Um povo que se vê obrigado a dissolver num mar de povos, para angariar seu pão.
Um povo que vê a sua língua esquecida durante séculos, com grande dificuldade para sobreviver, a morrer todos os dias. Os políticos são gagos na língua que proferem.
Fogem do português os jornalistas e opinadores por a não saber manusear.
Um povo com uma enorme raiva, mas surda e quase muda, que não consegue conservar a idoneidade, subjugado por outros povos.
Um povo que como dizia Camões, deixava a vida pelo mundo em pedaços repartida.
Um povo que de novo se encontra sem direito à esperança como há 500 anos e como dizia Jorge de Sena (..."Se lhe tiraram a cama em que sonhar!/ Se não lhe deram nunca o imaginar/mais que sardinha assada sem esperanças".
Vivemos uma época não de pequeno tráfico de golpes baixos, mas de grandes tráficos de golpes baixos.
Portugal já foi atirado para o vórtice uma série de vezes e agora mais uma, em que o único móbil é o dinheiro.
Já há poucas pessoas inteiriças de carácter e se há quem critique e muito, esses são normalmente não ouvidos. Os escutados são os senhores dos lugares-comuns, aceitantes de qualquer diácono.
Vivemos politicamente sob uma ditadura democrática com um conjunto de pessoas mortas-vivas, a quem se convencionou chamar povo.
Na minha juventude ouvia dizer "para pior já basta assim".Agora apenas gostava que tudo DESPIORASSE.