sábado, 19 de outubro de 2013

O "MEU" COMBOIO

O comboio da linha do Douro não é o metro de Paris, não é uma lição de geografia humana como o Metro em Paris ou mesmo Londres. Não tem os indianos com os seus vistosos turbantes, altivas damas africanas com túnicas de mil cores, muçulmanas, judeus de barba e chapéu alto, etc.
No comboio da linha do Douro há gente diversa, mas falando a mesma língua, gente nova e velha e ouvem-se conversas ao telemóvel e assim fica-se a saber as propriedades que se querem vendidas, as que se querem comprar, os advogados que interferem nos casos em litígio, o acerto com os mestres de obras.
No meu comboio começo por ler uma página do livro que me acompanha, mas as conversas que ouço ao lado, à frente, atrás são bem mais interessantes que a literatura do momento.
Agora ouço jovens a combinar uma noitada de copos.
Distraio-me por momentos e olho o rio, as árvores, algumas casas e retiro-me para dentro de mim e sonho com amanheceres azuis.
...sei que tenho tempo para voltar à realidade, ao défice que depois de todos os sacrifícios parece que a diminuir, apenas diminuiu 0,5%, à dívida que aumentou, sendo que os sacrifícios que o povo fez  que se diziam em nome dos critérios do ajustamento que tinham como objectivo reduzir o défice e a dívida de nada valeram. Os juros não diminuíram, antes pelo contrário e o governo só está interessado em pagar os juros aos especuladores e volto de novo ao comboio e até me parece tudo normal por momentos, até que ouço de novo uma conversa de telemóvel onde se anuncia que os negócios não vão bem.

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