domingo, 17 de novembro de 2013

AS AUTO-ESTRADAS MUDARAM AS NOSSAS VIDAS

O tempo germina na manhã.
Penso no tempo em que a grande maioria das pessoas gasta em trabalhos pesados alguns, a ganhar misérias, a sobreviver.
No medo que têm, de mesmo assim, perderem esses trabalhos e dos patrões os substituírem.
Pessoas que vivem vergadas toda a vida a este jugo da injustiça capitalista.
Baixaram o preço do trabalho e continuam a baixar e os fazedores de mais valia com medo, muito medo, quase que paralisam.
Os trabalhadores estão a ser devorados.
Mais que acomodados há devorados, espezinhados. É a paz do medo que se ouve.
É um fartar vilanagem, uma atmosfera do salve-se quem puder, de vamos ter que acabar com isto antes que isto nos acabe.
Quando se fez a República, quando se mudou de regime, do monárquico para o republicano, vivia-se um ambiente semelhante.
Disfarçam-se de democratas mas não  passam de novos fascistas, fazem tão mal como os velhos fascistas e são muitos mais.
A autoridade foi substituída pela austeridade.
Entretanto a oposição continua no bota-abaixo cega e sistematicamente, não se unem, acham impossível por isto ou por aquilo, nem que seja para atirar com o governo abaixo. Não se une porque não está interessada em que o governo não governe.
As oposições são tão responsáveis como quem governa, querem que tudo se mantenha na mesma, têm os seus interesses particulares. A situação alterou-se mas a oposição continua igual, parece brincar... ao bom barqueiro.
A realidade começa a matar, entretanto.
Ninguém merece consideração. Todos falam, todos mentem. Somos um povo humilhado na nossa honra.
Pedimos pouco, por isso não nos dão nada.
Adiamos sempre tudo, sofremos até ao limite. Queixamo-nos muito mas acabamos por bater em quem está mais próximo e não tem culpa nenhuma, em diferido.
Os filhos da classe média são normalmente os que lutam. Por cá já não há classe média nem filhos, emigraram quase todos.
E cá continuamos em franca rebeldia uns contra os outros e com olhares desvalidos, consumindo-nos e consumindo tempo, podando gestos e linguagens que possam ser mais agressivas.
Continuamos como há 50/60 mas com muitas auto-estradas, rotundas e novos-ricos.
Se medíssemos o grau de frustração seria muito elevado, se o comparássemos com o desses anos, se calhar teríamos algumas surpresas, mas se medíssemos a mudança de mentalidades, verificaríamos que não alteraram nem um milímetro.

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