sábado, 30 de novembro de 2013

OLHANDO A VIDA/OLHANDO A MORTE

Hoje o título poderia ser: olhando o morto.
Ontem estive no Tanatório de Matosinhos. Experiência marcante.
O Tanatório de Matosinhos é de construção recente e percebe-se claramente que a morte dá muito dinheiro aos vivos.
Agora está em moda a cremação. Meteram (a economia meteu) na cabeça dos vivos que ser queimado é que é bom e o pior é que nem para aquecer se serve, fazem só cinzas, espero que sirvam para adubo, pelo menos.
Começa a haver falta de espaço nos cemitérios e arranjaram esta solução.
O culto dos mortos também já não é o que era, está tudo em falência.
Na cremação não há coveiros, nem flores, o morto vai por um buraco lá para dentro como uma mala de viagem.
Primeiro colocam o caixão em cima dum tapete rolante, inicialmente está num plano mais elevado, fazem-no descer e o caixão vai devagar, devagarinho lá para dentro e fazem fechar a porta da cavidade, electronicamente e deixa-se  de ver o morto, desaparece aos olhos dos vivos.
Tudo limpinho, elctricamente limpinho, racional. Só o coração é democrático.
Antigamente só se queimavam os mortos por falta de tempo para os enterrar, agora é porque é "fino", faz parte duma certa classe, por imaginação desafrontada, por tentativa de economizarem tempo e gasto em flores, de irem ao cemitério "falar" com o morto, sei lá. Qualquer dia, só os pobres serão enterrados, embora também seja um grande luxo o preço por metro quadrado, talvez vala comum, que fica bem mais barato.
Não continuarei com estas palavras destoantes hoje, mas voltarei ao tema Zé Massano. Que pena não estares vivo, para discutirmos isto a dois, seria bem mais interessante, à volta dum cozido à portuguesa à maneira e um vinho tinto do Douro, reserva.

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