sexta-feira, 15 de novembro de 2013

SER OUTSIDER

Sentir-se outsider é um sentimento não muito confortável.
É uma espécie de arte de não o saber.
Não há orgulho nesta forma de estar.
Um dia se calhar, pinta-se, mas só na nossa imaginação, pertencer a algo.
Não sei se todos os outsiders pensam que um dia podem deixar de o ser para pertencerem a um qualquer grupo de pertença, nem que seja o dos independentes, normalmente mais engagées do que qualquer outro grupo.
Há pessoas que pensam que se vive como se fosse um rascunho, algo que pode ser transformado, como se certas coisas que se viveram possam ser até agora apenas rascunho da nossa vida.
No meu caso concreto, que me sinto fora, não porque me faça de morta, ao contrário, mas é um sentimento.
Não o do voltarmos as costas, mas antes o não nos sentirmos íntimos em coisa nenhuma, é observar do lado de fora, uma espécie de respeito também em que quase nunca pedimos para entrar, só se nos convidarem e mesmo assim com muito custo.
É não nos sentirmos parecidos, mesmo que alguém nos ache, uma espécie de timidez também.
Não nos sentimos perdidos, sentir-se perdido é outra coisa.
Uma vez senti-me perdida em Belgrado, aquela cidade com quase 2 milhões de pessoas e aí segui as pessoas que não conhecia, se calhar para elas decidirem onde devia ir.
Os outsiders são pessoas humildes, uma espécie de artistas para a eternidade.
Um outsider é também capaz de quando não encontrar o tal inimigo externo, fazer de si próprio um inimigo.

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