sexta-feira, 28 de março de 2014

ACONCHEGO

Pertencer a um país pobre, faz-nos pobres.
Que auto estima elevada teríamos se fossemos ricos, evidentemente que ser americano ou alemão é completamente diferente de ser português.
O país lapara na alma.
Temos redes no pensamento, consideramo-nos menores, as atitudes dos governantes são disso boa prova, sempre a proclamarem bem alto, que lá fora é que é bom.
O país vive em algazarra permanente, totalmente feita pelos governantes e seus acólitos, enquanto isso o povo trabalha e sofre.
Tudo atravessa as linhas e nós continuamos a ter que dar tributos aos cavaleiros, mas no nosso caso não é dum romance de cavalaria que se trata. Tem um entrecho de aventuras como em todo o romance de cavalaria, mas é ainda um país governado por meia dúzia de autocratas mangas de alpaca europeus.
Estamos sem couraça e sem candura, expostos a todos os golpes. Esquecemo-nos de colocar o arnês e aqui estamos de peito às balas e prontos a morrer sem aprender.
O PM diz em Bruxelas a toda a gente que encontra.
"Estou disposto a ser aquilo que você quiser, quando e onde quiser", mas é um aconchego porque todos os dias levamos uma explosão nas veias de dopamina, norepinefrina e feniletilamina e depois  há aquela moda de dizer que o passado é passado e o futuro a Deus pertence, logo só interessa o presente.
Mas os velhos não morrem temporariamente como quem vai de férias, morrem mesmo e antes disso têm noites insones.
Pretendia eu ter uma perspectiva menos íntima para me parecer banal o que se passa todos os dias, mas em vez disso interesso-me por tudo em que não consigo acreditar.
Já não sei se existe o meu país, mas sei que o amor por ele continua a existir.

Sem comentários: