domingo, 15 de dezembro de 2013

E CHEGOU O RAIO DE SOL QUE ILUMINA A BANQUETA

escrito encriptado

Na verdade nada em nós muda muito.
Esta reincidência da Quadra Comercial, chamada natalícia, deprime-me, é a palavra exacta.
Quantos mais brilhos há, mais escuridões e choros encontro.
As luzes natalícias iluminam todos os tormentos.
Como gostava que este mundo actual não passasse dum terror nocturno e que ao acordar tudo fosse diferente.
As minhas meditações começam a ser a preto e branco e apenas flutuam como uma névoa acima do soalho.
As vidas cada vez são mais intermitentes e não há como fugir a estes estalos que nos dão todos os dias.
Claro, que há quem se desespere mais com estas fórmulas comuns de fazer política e todas estas cortesias das pessoas em Portugal.
Estes exercícios de abstracção que nos são cometidos, tornam-se cruéis aos meus olhos e a mais muitos milhares.
Eu sei que há muitos que nascem ensinados a não ter sentimentos nenhuns por servidores e sei que há quem aprenda a orgulhar-se de quem não presta, só porque "são importantes", eu sei disso tudo, eu sei até que uns e outros são a mesma gente com roupagens diferentes, mas continuo, por dentro, a expor-me à luz como quem desinfecta e espero sempre uma prestação de contas.
Mas as palavras perdem o corpo, ficam de rosto desfigurado e desde que se baralharam todas quase já não servem para nomear.
Tem que se ir buscar, algures lá para trás, palavras e sentidos antigos, aquelas que já estão no Museu como:
ALEGRIA, FELICIDADE, HONRA, DIGNIDADE, PALAVRA. 

1 comentário:

GL disse...

Um processo que levará décadas.
O Natal? Nunca gostei muito da hipocrisia que lhe está colada, do efeito preverso de aumentar solidões e mágoas.
Abraço