quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

OS OCIOSOS


Falar de ociosos e de ociosidade são coisas muito diferentes,não são?
Se calhar não, se calhar sim.
As sociedades  são economicistas,querem tudo a trabalhar.
As pessoas, duma maneira geral, têm medo da liberdade, em especial, da liberdade de terem tempo sem agenda preenchida, não sei se faz parte do horror ao vazio.
Conheço gente que não vem para a reforma primeiro porque tem medo do depois, de não ter o dia programado pelos outros. Normalmente são os mesmos que dizem que o desemprego grassa.
Aqui, na aldeia, se veem uma pessoa a trabalhar nalgum organismo em que o seu lugar possa ser ocupado por outro trabalhador desempregado é muito mal visto. Eu acho o mesmo.
Quando a pessoa se reforma vem logo uma catrefada de amigos e familiares, conhecidos e não conhecidos perguntar o que se está a fazer, continuando com aquele raciocínio pobrezinho de "agenda cheia". Só tem préstimo uma pessoa pelo que faz, não pelo que é.
Não dão tempo para se envelhecer devagar, para não se estagnar no tempo.
Tem que se dar tempo ao tempo, sempre ouvi dizer e concordo.
As pessoas precisam de tempo para si, para a ociosidade, para olhar para o tecto se quiserem, para pensarem.
Nunca se criou nada quando se trabalha  8 e mais horas diárias. O tempo vendido não é criativo.
Há pessoas muito invejosas e muitas pessoas invejosas, mas as emoções só parecem invisíveis, já que quase sempre se detectam.
Há pessoas que não limparam suficientemente a sua vida e nunca o conseguem fazer por falta de tempo e chegam a desprezar aqueles que tempo têm,porque foram programados para valorizar apenas o trabalho, não a ociosidade, nem que essa seja criativa.
Há muita gente a "matar o corpo" a trabalhar e não sabem fazer de outra maneira.
Como vão encontrar o que se perdeu dentro de si mesmos?
Só por um golpe de asa o conseguirão.
Talvez sejam "felizes" aqueles que não têm tempo para pensar sobre o tempo, quiçá?

Sem comentários: