quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Araucaria-angustifolia-Celorico

Há uma espécie de grandeza na imutabilidade aparente, que resiste às mudanças do mundo ou ao correr das estações. Na versão vegetal, os epítomes da constância são as coníferas: não é que não mudem, mas fazem-no devagar ou de um modo subtil que escapa aos olhares desatentos. Não têm floração vistosa, e todo o santo ano se vestem de impertubável verdura. Se as olharmos de perto, vemos despontar as pinhas e notamos o verde mais fresco da folhagem recente. Mas às vezes têm copas tão subidas que é impossível escrutiná-las com o olhar. Baixamos os olhos para inspeccionar os despojos que vão largando no chão: aqui um galho, mais adiante uma pinha. São sinais de vida em quem parece ter deixado de crescer, instalando-se no que é, para a nossa escala temporal, uma reconfortante eternidade.

À entrada da Primavera, solicitados pressurosamente pelas folhosas que se vão revestindo de mimosos rebentos, aqui ficam as duas mais-que-seculares araucárias-do-Brasil da Casa do Campo, em Celorico de Basto. São árvores como estas que nos alimentam a vista durante o Inverno; passam agora para segundo plano, mas sabemos onde reencontrá-las, constantes e fiéis, sempre que quisermos

DO BLOG DIAS COM ÁRVORES

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