quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

CARVALHO ALVARINHO

O concelho de Paços de Ferreira foi criado em 1836, resultante de uma cisão da comarca de Penafiel; em 1993, a até então vila foi promovida à categoria de cidade; em 1997, inauguraram-se os novos Paços do Concelho, ficando o anterior edifício camarário a servir de Museu Municipal. Anterior a estas datas marcantes, indiferente a todas elas, é o carvalho-alvarinho no Jardim Municipal, contíguo ao agora museu, que continua, como há cem ou duzentos anos, a fornecer sombra fresca a quem o procura nos tórridos dias de Verão. Distando o concelho apenas 25 quilómetros do Porto e da costa atlântica, o efeito temperador do oceano já lá não chega: os invernos são mais frios e os verões mais quentes do que à beira-mar.

Tirando as que existem no Jardim Municipal, onde, além deste carvalho, vegetam tílias, magnólias, lódãos e carvalhos-americanos, poucas são em Paços de Ferreira as sombras proporcionadas pelas árvores. À volta do centro, novos bairros com prédios de sete ou oito andares erguem-se nas colinas rasgadas por largas avenidas; mas não há o alívio de um jardim, e as árvores, em caldeiras minúsculas, são poucas e enfezadas. Apesar da impressão inóspita causada pela desproporção entre o verde e o betão, Paços de Ferreira parece orgulhar-se dessa cidade geométrica e recém-estreada: há restaurantes e bares da moda, assiste-se a um arremedo de vida nocturna.

De modo que, falando de árvores, o futuro em Paços de Ferreira confunde-se com o passado. Se este carvalho (classificado em 1940 e um dos primeiros no país a receber tal galardão) ainda cá estiver daqui a cinquenta anos, será dele ainda a única sombra que apetece em toda a cidade.

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