segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

ROBINIA PSEUDOACÁCIA

Robinia pseudoacacia frente à Casa de Camilo, São Miguel de Seide
Jorge, o "filho louco" de Camilo Castelo Branco, plantou em 1871, tinha então 8 anos, uma árvore junto à escadaria de pedra no terreiro da casa de S. Miguel de Seide. A esta árvore se refere Camilo várias vezes, como em Durante a febre:

Quando a Acácia do Jorge ainda outra vez inflore,
Chamai-me, que eu de Abril nas auras voltarei
.

A árvore não é uma acácia, mas uma robínia. Um deslize em taxionomia que não ofusca o apego de Camilo ao convívio com a natureza, alimentado pelas léguas palmilhadas desde a infância em pedregosas ladeiras de serra. Camilo chegou a ser um peregrino convicto de arvoredos, córregos e morros de terra agreste, aldeias, costumes e lendas populares, que depois transfigurou em palco de prosa admirável.

Estas árvores são minhas amigas há vinte e sete anos. (...) Seria engodo ao riso andar-me eu aqui abraçando árvores, se alguém me visse. Que o não saibam os tolos, nem os felizes. (...) Quando eu lá ia [às matas do Bom Jesus do Monte], voltava sempre melhor. Nunca me aconteceu outro tanto ao dobrar a última página de livro de moral.

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