segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

SÓ ESTERCO

Começo por um registo de interesses: Álvaro Sobrinho é um dos accionistas da Newshold, empresa proprietária do jornal i e do semanário "Sol" - publicação onde trabalhei seis anos, três dos quais sob gestão da Newshold.
Álvaro Sobrinho foi chamado na quinta-feira à Assembleia da República para explicar na comissão parlamentar de inquérito do caso BES a sua gestão do Banco Espírito Santo de Angola (BESA) e a relação deste banco de direito angolano com o seu principal accionista (o BES).
As relações entre o BES e Angola foram muito importantes nos últimos anos antes do desastre para a gestão de Ricardo Salgado conseguir manter resultados positivos no banco em Lisboa. Angola foi uma fonte de liquidez cada vez mais importante para o BES e a sua participação nos lucros finais do banco português cresceu exponencialmente com a crise nos mercados europeus em 2008/2009. A dependência do BES face ao BESA foi assim crescente.
Por isso mesmo, a audição de Álvaro Sobrinho era importante para perceber alguns pontos do desastre que se abateu sobre o Grupo Espírito Santo (GES). Saliente-se desde já que esses pontos não são a principal causa da falência do GES. A origem central do problema do GES está na gestão das administrações lideradas por Ricardo Salgado no BES e nas diversas empresas do GES e na ocultação do passivo das holdings familiares. Se o único ou o mais grave problema do universo GES se chamasse BESA, nunca teria existido a hecatombe que se verificou no grupo da família Espírito Santo.
Apesar de prejudicada pelo sigilo bancário angolano que o banqueiro está obrigado a seguir (como Ricardo Salgado e outros depoentes seguiram), Álvaro Sobrinho confirmou que nada era feito sem o conhecimento dos representantes do BES e que Ricardo Salgado e Ricardo Abecassis, chairman do BESA, sabiam de tudo o que era essencial e ajudou a desmitificar alguns aspectos deste caso.
Desde logo, a questão da linha de crédito de cerca de 3,3 mil milhões aberta no BES para, supostamente, financiar o BESA. Ricardo Salgado já tinha afirmado que a mesma visava apoiar as empresas exportadoras portuguesas que operavam no mercado angolano.

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