domingo, 9 de fevereiro de 2014

NÃO HÁ PEITO PARA TANTO

Começamos a sufocar.
Afogamos em desgostos colectivos que individuais são.
Não nos podemos conformar.
Este país dá raiva, muitas raivas e não temos onde as afogar, não há peito para tanto.
Tombam todas as nossas conquistas, que nos deram tanto trabalho e luta a conseguir. Alguns morreram por elas, outras sofreram torturas e anos de prisão.
Nem todos podem emigrar e muito menos emigrar de si próprios, dos desgostos que acumulam.
Muitos de nós somos teimosos, teimosos como agulhas de bússolas e sonhamos com um país menos desigual, com educação e saúde verdadeiras para todos e muitos de nós até tornam esses sonhos mais reais que o próprio sonho. O mundo está sempre a fugir-nos dos pés e quando me refiro ao Mundo é ao nosso mundo, ao nosso país em primeiro lugar.
Estivemos quase no bom caminho. Dizíamos até que a educação era uma paixão e a saúde era para todos e de um dia para o outro, o da paixão emigrou e desertou e a paixão acabou e deixamo-nos arrastar pela enxurrada capitalista  desenfreada e desumana, de não batermos o pé das nossas razões e nos fazermos valer e voltou tudo ao princípio, a bota grande calca-nos a cabeça de novo, amarrota-nos e quase que não nos deixa respirar do buraco em que nos enfiou.
Querem-nos analfabetos de novo, para isso dão-nos muito lixo televisivo e mau ensino.
Emudecem-nos.
Quebram-nos.
Põem-nos como fronteiras o medo e a culpa. Os jovens têm medo, os pais dos jovens têm medo, os pobres têm  culpa.
A culpa e o medo mandam mais que qualquer governo, já alguém disse.
E cá estamos nós na nossa habitual concha. Quando estávamos quase a sair, vieram dizer-nos que era engano, que não podíamos ser um povo livre.
Quem disse desta vez foi a Alemanha imperial e os seus amigos, mas já  antes os "amigos" americanos nos tinham dito o mesmo.
Tememos a morte, mas temos mais medo da vida e dos seus enganos.
Não há peito que nos chegue para tanta raiva.

2 comentários:

GL disse...

Vivemos uma utopia.
Roubaram-nos uma vida digna e com ela a esperança. Agora, enquanto uns sossobram no mais profundo desespero, outros sobem, qual balões em dia de festa.
Abraço.

lenço de papel; cabide de simplicidades disse...

completamente verdade GL.
Abraço e um bom dia