sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

VOU-ME PÔR A JEITO PARA LEVAR NA CABEÇA

Ora vamos lá ver se consigo expressar o que sinto, o que acho:

O pessoal do norte é bem mais rude, não gosta,diz que não gosta nem que seja agressivo, indelicados mesmo. Os do sul muito simpaticamente, ralam o discurso, ralam e quando tal até o silenciam, por outras palavras,fingem muito melhor que discordam. Fazem-me lembrar os franceses que habitualmente dizem muito bem primeiro para na última frase dizerem, bem.. sabe... não concordo.
Os do sul, são bem mais simpáticos e delicados mesmo que não concordem nada com o interlocutor, lembram-me pescadores do âmbar precioso, desejam mostrar a própria competência e confundir a ignorância do outro. Enquanto as pessoas do norte dão uma sarabanda, os do sul, falo em especial dos da capital, dão um sorriso a abater resmoneando em surdina.
Não falo de caracteres ou muito menos idiossincrasias várias como a hipocrisia, a inveja e coisinhas desse género que isso está bem doseado em todo o país e bem disseminado. Falo de algo que já Eça falava quando analisava há cento e tal anos,a sociedade da capital, duma espécie de personalidade base duma comunidade.
Como hei-de explicar isto melhor?
Vou exemplificar e fica mais claro. Fala-se com lisboetas da classe média de várias profissões, liberais, comerciantes, etc. e é muito difícil manter-se uma conversa até ao final, o lisboeta ama a superficialidade, duma maneira geral. Existe nesta gente uma espécie de superioridade inconsciente, não sei se tem a ver com o cheiro do poder ou a proximidade dos Ministérios.
Os do Norte, são manhosos, em especial se são transmontanos ou minhotos, mais fechados que os do litoral.
Não são melhores uns do que outros, são apenas diferentes.
Falei aqui do estereótipo, não do indivíduo, porque esse é um ser único e diferente do outro, seja na China, na Rússia, em Lisboa ou no Porto.
Referi-me à atitude e a atitude de Lisboa já chegou ao norte, há muita gente a copiá-la.
Poder-me-ão  dizer que isto é uma caracterização muito à Rosa Coutinho, o militar de Abril que falava da psicologia das pessoas referindo a região que habitavam.
Na altura ri-me bastante dessa sua análise, achei-a idiota, deve ter sido em 1975, os estudos em Psicologia diziam-me o contrário do que ele afirmava.
Hoje, porém, talvez com a idade, o conhecimento maior das pessoas e do país e das atitudes, verifico que há alguma verdade no que ele dizia, não como o dizia, mas na sua essência.
Ainda hoje discuti com uma lisboeta e verifiquei isto. As pessoas querem passar por gente muito profunda, mas quando se descasca o abacaxi, é a superficialidade, a "leveza" que vem ao de cima.
Dir-me-ão que estou a confundir alhos com bogalhos, quem sabe?

6 comentários:

GL disse...

Em síntese. Temos no Sul uma grande dose de hipocrisia disfarçada de savoir-vivre?
Não me atrevo a contestá-la. Há muito de verdade nessa análise. No Norte, pelo contrário, há coragem de chamar as coisas pelos seus devidos nomes?
Para dizer francamente não tenho tido muito contacto com os nortenhos. Contudo a pouca vivência têm-me mostrado pessoas assertivas, mas simpáticas.

Espero que não lhe batam com muita força:)

Abraço.

lenço de papel; cabide de simplicidades disse...

isto é tudo demasiado relativo, trata-se apenas da minha experiência e opinião, vale o que vale.
Abraço

Helena disse...

Sim, a tua análise vale o que vale, sendo que o que vale está impregnado das tuas armas teóricas e da tua experiência prática.
Que banalidade, não é? isso acontece com todos os juizos que toda a gente faça. Não, não é. Tu és, neste tipo de questões, de uma competência diferenciada, portanto acertas muito mais, embora saibas perfeitamente que as generalizações são perigosas.
Mas algumas lá teremos que fazer. E as que fazemos mostram sempre a lenta que utilizámos.
Dito isto, direi também que eu as faço, às generalizações. Digo por exemplo, "os parisienses têm o nariz desagradavelmente empinado", "os espanhois são alegres e extrovertidos", "os ingleses são uns chatos", ou, mais caseiramente, "os alentejanos têm conceitos de limpeza que os beirões ignoram completamente", "as mulheres minhotas" falam sempre de uma forma esganiçada".
São verdades estas minhas generalizações? São, mas também o não são, como diria Ionesco.
É que, até há bem pouco, o que nos condicionava o comportamento era o que nos era próximo. Agora isso já assim não é. O que nos condiciona o comportamento são as "ondas" as "modas", os "tiques" massificados.
E as nossas regiões de pertença estão a perder em todas as frentes.
Não há esse maior cosmolitismo na classe média lisboeta. Nem aqui em baixo os comportamentos são tão unitários. As nossas referências mais fundas ainda vamos buscá-las à origem de classe e à educação, depois, bem, depois, somos todos iguais, ainda que anda continue a haver uns mais iguais que outros...

Bjo e bom fim de semana

lenço de papel; cabide de simplicidades disse...

'O que nos condiciona o comportamento são as "ondas" as "modas", os "tiques" massificados'. Gostei, faltava-me esta cerejita :)

Bateste pouco. Julguei que batesses muito mais;-)

mas a ti vejo-te mais, de facto," As nossas referências mais fundas ainda vamos buscá-las à origem de classe e à educação, depois, bem, depois, somos todos iguais, ainda que anda continue a haver uns mais iguais que outros...".

Mas na verdade, não e de cosmopolitismo que se trata, como tu adiantaste, se calhar é de tique massificado. Obviamente que as nossas leituras são diferentes, porque uma está no norte, outra es tá no sul, mas há evidentemente muitos pontos de cruzamento. Como tu dizes tb e cada vez mais isso se verifica"as nossas regiões de pertença estão a perder em todas as frentes. beijo e obrigada

Helena disse...

Desculpa os meus lapsos de escrita. Estou cada vez mais atreita a eles...
;)

Beijo

lenço de papel; cabide de simplicidades disse...

beijo e boa noite