domingo, 11 de março de 2012

HÁ REGIÕES PAROLAS TAMBÉM

izia a minha avó: "É à quem quer e não pode". Eu resumo tudo ao parolo.
Passar por Vila Nova de Gaia hoje, pela nova Gaia é verificar isso mesmo. É à quem quer e não pode. Podia ser Manhattan, mas não é, podia ser uma cidade grande, mas apenas em densidade populacional. Claro que exceptuo a orla marítima, que é a melhor das melhores. Filipe Menezes à frente de todos os parolos, fez uma cidade á moda dele, com  ginásios, centros comerciais, fez de  uma Vila rural, uma cidade dormitória mais um bocadinho, porque tem que ter o fim da tarde para ir ao ginásio, já que são muitos e grandes. O que eu quero dizer?
Que não vão só para lá dormir, mas também para "malhar" nos ginásios do Belmiro e da Virgin.
Filipe Menezes, Rui Rio, Mesquita Machado, Narciso Miranda, João Jardim fizeram "obra" à custa do cimento, dos bancos, do capital nacional e estrangeiro, este mais no primeiro caso.
Entra-se em Gaia, pelo lado do Porto e tem que se conduzir depressa nos novos túneis, e se não for lesto a ler placas, faz-se tudo de novo, porque virar à direita ou à esquerda  naquelas ruelas feitas avenidas, túneis e sei lá mais quê, não se compadece com nada. Andar de carro e rápido, já que aqueles novos locais não foram feitos para pessoas comunicarem,  para isso têm os centros comerciais que são mais que muitos. A ruralidade foi-se, apenas existem alguma capelinha ou casebre para venda e ainda muitas quintas para a CONSTRUÇÇÇÇÃAO. Mas se a ruralidade acabou, também se foram as características de Vila Nova de Gaia, foi-se tudo.
Claro, que as cidades são dinâmicas e têm  que se modernizar, mas isso não significa que tenham que se descaracterizar completamente e vestir-se todas daquela camada fina de parolismo, de provincianismo, que não deixa ver nem pensar e cobre tudo.
Este novo riquismo mental que começou com Cavaco Silva e acabou nos autarcas do PSD e  outros, esta mentalidade de parolos falsamente ricos que não têm onde cair mortos, deu Câmaras endividadas até ao tutano, famílias sem saber como podem pagar as dívidas mas a ver se arranjam uns dinheiritos para irem ao ginásio destressar e para que os vizinhos as vejam.
Gaia a região com mais desemprego, é mais uma que quer ser aquilo a que nunca pode ascender.
Um verdadeiro parolo para mim é aquele que se julga anti-provinciano, aquele que considera que está à frente do que lhe estão próximos, aquele que quer estar no centro das coisas em todas as dimensões.
Em 1928 já Fernando Pessoa abordava este tema e tal como eu acho que o que distingue o verdadeiro provinciano é a admiração pelos grandes meios, o entusiasmo e admiração pela modernidade bacoca. F. P. dizia: "o provincianismo vive da inconsciência; de nos supormos civilizados quando o não somos, de nos supormos civilizados precisamente pelas qualidades por que não o somos(...)".
Um parisiense não admira Paris, gosta de Paris.
Esta percepção da realidade quase exclusivamente centrada numa estreita relação de proximidade (= provincianismo) mais aquela parolice que consiste em que o parolo não permite que algo "não parolo" se afirme, aliada à parolice com poder, fazem cidades parolas, provincianas do séc. XXI, com muitos túneis, cimentos, centros comerciais, bancos, autarcas corruptos, construtores civis sem escrúpulos, árvores nem de plástico e relvas sintéticas nas cabeças e fora delas.
Os parolos não são estúpidos, pois o problema também é esse, não sei, digo eu.
São assim uma espécie de animais híbridos de Brahma light, um galináceo estranho.

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