de mim para mim
Há pessoas com que gostamos de ficar sozinhas.
Precisava mesmo de um momento de ave ou de borboleta para me estrear no céu ou espalhar-me por esses campos fora.
Não viver causa muita tristeza e eu não vivo há uma semana, apenas sobrevivo.
Tenho tempo para gastar onde bem o deseje, o mesmo não posso dizer da saúde e do dinheiro.
Nunca me enceno, erro meu, má fortuna.
Às vezes a vida converte-se num dialecto desconhecido.
Há gente que fala muito, falam mas não conversam, fazem-no apenas para parar de ouvir os seus fantasmas.
Tenho cartões vitalícios que afinal não são vitalícios porque o deixaram de ser.
Tenho um amigo que me dizia que gostava de se encontrar sempre apaixonado e fez por isso toda a vida, às vezes saiu-lhe caro, mas era a sua morfina.
Quando me anunciava uma nova paixão, lá tratava eu de racionalizar e perguntava se valia a pena, ele respondia que sim.
Afinal ele tinha razão, só na paixão, no amor, nos reconhecemos e falamos a mesma língua.
Estou no 2º turno da existência e os meus amigos também, temos que aproveitar muito bem este turno, mas não é fácil.
Às vezes planto palavras em vez de flores, algumas gostava que me dessem colo.
Não gosto de prestar contas de quem sou, a não ser quando me irrito e mesmo nessas ocasiões tenho tendência à travessia no silêncio.
Os momentos actuais têm sido muito espessos, com doenças familiares e não só. Basta estarmos rodeados e governados por gente medíocre para a vida das pessoas se reflectir.
Não gosto daquela gente que parecem fadas, gente medíocre que naquilo que tocam se torna medíocre também.
2 comentários:
Este texto, mais que qualquer outro, está povoado de borboletas, palavras soltas, quase pontos finais, que retratam estados de alma, de sentires.
Paixão e colo. E coragem e sabedoria. Essências de(a)vida, qualquer que seja o turno.
Abraço.
ABRAÇO E BOA NOITE
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