segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

A PERDA MAIOR = NÃO VIVER

de mim para mim

Há pessoas com que gostamos de ficar sozinhas.
Precisava mesmo de um momento de ave ou de borboleta para me estrear no céu ou espalhar-me por esses campos fora.
Não viver causa muita tristeza e eu não vivo há uma semana, apenas sobrevivo.
Tenho tempo para gastar onde bem o deseje, o mesmo não posso dizer da saúde e do dinheiro.
Nunca me enceno, erro meu, má fortuna.
Às vezes a vida converte-se num dialecto desconhecido.
Há gente que fala muito, falam mas não conversam, fazem-no apenas para parar de ouvir os seus fantasmas.
Tenho cartões vitalícios que afinal não são vitalícios porque o deixaram de ser.
Tenho um amigo que me dizia que gostava de se encontrar sempre apaixonado e fez por isso toda a vida, às vezes saiu-lhe caro, mas era a sua morfina.
Quando me anunciava uma nova paixão, lá tratava eu de racionalizar e perguntava se valia a pena, ele respondia que sim.
Afinal ele tinha razão, só na paixão, no amor, nos reconhecemos e falamos a mesma língua.
Estou no 2º turno da existência e os meus amigos também, temos que aproveitar muito bem este turno, mas não é fácil.
Às vezes planto palavras em vez de flores, algumas gostava que me dessem colo.
Não gosto de prestar contas de quem sou, a não ser quando me irrito e mesmo nessas ocasiões tenho tendência à travessia no silêncio.
Os momentos actuais têm sido muito espessos, com doenças familiares e não só. Basta estarmos rodeados e governados por gente medíocre para a vida das pessoas se reflectir.
Não gosto daquela gente que parecem fadas, gente medíocre que naquilo que tocam se torna medíocre também.



2 comentários:

GL disse...

Este texto, mais que qualquer outro, está povoado de borboletas, palavras soltas, quase pontos finais, que retratam estados de alma, de sentires.
Paixão e colo. E coragem e sabedoria. Essências de(a)vida, qualquer que seja o turno.
Abraço.

lenço de papel; cabide de simplicidades disse...

ABRAÇO E BOA NOITE