quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

PARA MIM AINDA TENHO, ENTÃO PORQUE ME CONSUMO?

Porque me preocupo com a cidade mártir de Tacloban, porque me preocupo com estes filipinos da ilha de Leyte no arquipélago filipino? Com esta gente sem tecto e crianças a banhar-se em poças de água nas ruínas?
Porque me preocupo com o Líbano, melhor, com os libaneses que as religiões dividem?
Um país de 4 milhões de habitantes que tem o azar de estar a 75km de Israel e a 80 da Síria, em que os Tribunais são religiosos, com 40% da população maronita cristã, os mais ricos, 5% de drusos, 25% de muçulmanos xiitas, os mais pobres.
Um país com muitas crianças e em que todo este sectarismo levado ao rubro faz mortos às dezenas, todos os meses que nós saibamos, porque a realidade que nos chega é sempre pintada de várias cores.
Porque penso nesta gente que nem sequer conheço e de que tão afastada, mas tão próxima me sinto?
Estive no Médio Oriente e senti-me bastante identificada com esta gente em muitos aspectos.
Os muçulmanos são  na sua grande maioria gente muito boa, aliás só os fanáticos e esses não são os religiosos, mas os que actuam em nome da religião é que cometem todo o tipo de anomalias e crimes muitas vezes, como os católicos em boa verdade, embora com metodologias bem diversas.
Porque me preocupo com os sírios? A Síria, um país moderno, com gente linda e que os imperialistas americanos estão a destruir e muitos outros exemplos poderia dar.
Porque me preocupo eu?
Pela simples razão que nestes países vive gente, gente igualzinha a nós, que pensa e sente como nós, que ama como nós, exceptuando aquela pequena parte  fanática da população que se encontra ao serviço dos diversos interesses mundiais e sempre, mas sempre, comandados por  jogos do capital financeiro e económico, nem que para isso se vistam nestas partes do mundo, de religião.
Porque me preocupo com os portugueses se para mim ainda chega?
Preocupo-me porque tive uma educação que me ensinou a olhar para o outro, porque me fiz, ajudando os outros na medida das minhas possibilidades, porque tenho o sentimento pátrio muito arreigado, logo me sinto universalista da cabeça aos pés.
A minha identidade é apenas feita por o oposto aos outros e assim vou continuar até durar.
Não precisava? Preciso e muito, senão não sou eu.

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