segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

A PROPÓSITO DA MORTE DE EUSÉBIO OU TALVEZ NÃO

SUBTÍTULO- OS SIMPLES

Os simples urbanitas são diferentes dos restantes. No campo, traduzindo para os lisboetas na província, ainda se encontra Deus vestido de trolha e com as unhas manchadas de tinta, ainda há gente atacada duma categoria de doenças inclusive a admiração. Na cidade, a maioria das vezes nem se ouvem os guisos da inteligência.
Compreende-se sempre tão pouco. A maioria tem olhos de feldspato.
Ouve-se mal na cidade, para se ouvir bem é preciso prestar homenagem a uma flor. Ouvir é ser ao mesmo tempo generoso, sincero e honesto. 
A simplicidade está ofçaide  que é o mesmo que dizer que está fora de jogo que é mesmo que dizer que está fora de moda. Há mesmo quem julgue que ser simples é um problema de natureza vulcânica.
Há quem se julgue ouro puro, a maioria, mas a maioria de nós é apenas simples limalha de ferro.
A maioria dos urbanitas não tem mais do que 2 pensamentos na mão e sofrem não raro, de várias descalcificações, penso ter sido o Papa Francisco a utilizar esta palavra ou outro alguém, ouvia-a, li-a em qualquer lado, não é da minha autoria a expressão, é, a concordância com a mesma.
Os urbanitas, duma maneira geral, não gostam de amochar e fala quem sabe do que fala.
O país encornou-nos e encorna-nos (desculpa bloguinho, mas é o que me apetece dizer neste momento) e as lágrimas pedem-nos por favor para sair.
Morreu um símbolo do futebol duma época passada, daquela época em que país não era conhecido apenas pela dívida ou por não se revoltar sendo espezinhado por todos. Era a época do país do Estado Novo, nesse passado nada glorioso, a não ser para um negro moçambicano integrado. Era o tempo da guerra colonial e um integrado e simples era importantíssimo, com jeito para a bola e que fazia maravilhas de pés e pela Amália Rodrigues, cantante exímia dumas melodias tão tristes, tão tristes que dizem ser a nossa alma a chorar.
Neste silêncio brutal num país que nos volta a castrar, em que a grande maioria assobia para o lado, chamando-lhe modéstia e normalidade e se julga certinha e outras coisas do género, deu imenso jeito o Eusébio morrer, morte aliás adiada há dois anos quando esteve internado e quase a despedir-se.
As lágrimas podem cair à vontade, o país vê-se ao espelho. Prevê-se um funeral cheio de êxito em que ninguém quer ficar em casa.
Estamos todos demasiado encurralados.
Num país em que apenas se vê televisão nos tempos livres e como tal viu o funeral do grande líder Mandela, um homem importante para o Mundo pela contribuição que deu  na abolição do apartheid na África do Sul, em que as televisões incitam ao funeral do nosso "símbolo", neste país cheio de buracos insatisfeitos, comandados por televisões ao serviço do capital, empenhadas em distrair o povo da realidade, neste país a abarrotar de pecados soltos das pessoas devido às suas várias desistências da luta colectiva, em que a maioria não passa de chorinhas sem se revoltar pelo que lhe fazem parecendo até pedirem para ser mais amachucados, nestes país em que se vive em planos inclinados de aldrabice, neste país em que parece tudo apático ou morto e se coloca ao sol lisboeta para curar as anemias, que tudo parece inútil, em que as pessoas parecem desfazer-se de si próprias, neste país em que o casamento com o mundo é putativo, neste país sentado na caixa dos sonhos...Este país resolveu chorar tudo duma vez como uma esmola para os olhos e sentimentos vários.

2 comentários:

lenço de papel; cabide de simplicidades disse...

"MODOS? VALHA-NOS DEUS! MODUS, ISSO SIM" REPRODUZO O COMENTÁRIO DA GL.

NÃO CONSIGO PUBLICAR O SEU COMENTÁRIO, Não sei se o defeito é do meu computador, por isso resolvi copiá-lo. Obrigada e desculpe GL

GL disse...

Não tem importância, Helena.
Também sou bafejada, frequentemente, com "mimos" desse género.