Andar, andar desemaranhado.
Embaixadas imensas de coisas miudinhas que se instalaram um dia e desapareceram ao sabor dos dias.
Atmosferas limpas, sem poeiras, ventos ou humidades.
Nesses olhares de amor com que tocava os contos de fadas a verdade era atingida.
Aqueles primeiros olhares não eram mistérios indecifráveis, eram a verdade da vida.
Nesses tempos indecifráveis em que o fogo e a água se misturavam na atmosfera, em que luzia o arco-íris, como aliança entre o visível e o invisível, nesses momentos saíam seres para os espaços siderais que eram apenas a vivência do mito do próprio momento.
O arco-íris eu via.
Não havia actualização do mito nesse instante porque o mito é o próprio instante em que chove e faz sol, é a actualização da actualização. O momento em que mostra que a vida está viva.
E não contemplo, sinto, sinto apenas.
A magia existe. Sente-se o sangue a correr nas veias, a raiz da existência.
É a vida que vive e julgo que hoje poucos escutam e muitos poucos olham.
Esse olhar que vasa na imagem toda a máscara que somos, todas as camadas, todos os pensamentos, todos os sentimentos, todas as intuições que residem no coração.
Por muito que este olhar queira voltar a recolher-se ao refúgio, como um molusco que volta à sua concha, já está totalmente de fora e há honestidade nas suas emoções.
E é nesses pequenos instantes em que a magia toma conta de nós e nos adopta como se duma mãe se tratasse que eu me reunifico. O que mais rapidamente muda é o que é composto de maior desassossego, o que existe já para ser outra coisa e caminho simplesmente nessa atmosfera limpa e sem poeiras.
2 comentários:
Por qualquer razão, um comentário que aqui deixei, sumiu...
Não tinha grandes complicações e é facilmente repetível:
"Que bonito, Helena!"
Beijo
Obrigada querida Homónima.
Foi o texto com menos "adeptos" até hoje (22).
Um beijo para ti e obrigada por me leres.
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