quinta-feira, 3 de maio de 2012

COMO SERIA FÁCIL..

Acho tudo tão fácil às vezes.
Um homem, um gestor, pôs um país inteiro a falar da sua empresa durante um dia, com a publicidade mais barata que se conhece (boca a boca) e ainda ganhando "rios de dinheiro", sem para isso ter colocado vacas no Parque Eduardo VII ou vereadores de "esquerda" ao lado das vacas.
Se assim é, porque é tão difícil governar Portugal?
Se num dia as pessoas se mobilizam mesmo sem dinheiro a comprarem tudo que vêem à frente como se em guerra estivessem e a ficarem sem tostão para o resto do mês, também não seria muito difícil mobilizá-los para outro tipo de causas.
Pelos vistos, apenas é preciso não ignorar o tráfico vital da angústia.
As pessoas querem fazer parte do grupo, se possível com sacrifício, muito, para depois dizerem durante muito tempo que sofreram muito e que podia ter sido assim e foi assado.
Esperam em filas para o médico da Caixa, para o concerto do "ano", para os "saldos" da época, para o IPAD, IPOD ou IPID. O princípio é sempre o mesmo, pertencer e sofrer, sofrer para depois recordar e lamentarem-se.
Gostam de peripécias, de simularem repentinos interesses por matérias escuras e estão muito contaminados pela pobreza de espírito.
Estão demasiado escuras, pensam demasiado escuro, desconheço se é pela esperança se estar a esvair, se é devido a toda a infelicidade ou mesmo só porque somos portugueses e gostamos de fado e saudade e destino.
O vale tudo está instalado. Parece  que nem a esperança de se desesperarem existe. Por um lado, parece-me que estamos num intrincado labirinto com governantes que encenaram há muito uma viagem com a ilusão por outro, acho que se se inventasse novas direcções, transformando-as e orientando-as, era tudo muito fácil.
Estas almas subsidiadas, lamentando-se de tudo, quase no fundo do poço, a quase desimportarem-se da vida, cansados desta vida e que ainda por cima lhes têm inculcado a culpa, a culpa de terem gasto mais que as possibilidades.
Ontem vi os telejornais e pareceu-me um país de gente perdida. Um PM perdido, a falar da habitação e dos bancos  que ganham ilegalmente com as avaliações que fazem por baixo preço, na altura de ficarem com as casas, como se os governos não tivessem dados estas condições aos bancos e não sejam o seu aval. Um Parlamento perdido, a falar de assuntos importantes mas sem tratar de assuntos importantes.
Gentes a corrrer sem sentido, a barafustarem ou a "rezarem" que vale quase o mesmo e até o clima a completar este cenário, com mais um tornado em Sesimbra, muito vento e chuva.
Gente triste a abandonada, sem consciência definida, a correr para trás e para diante numa complicação de sentimentos e eu a ver esse mundo a partir dum sofá, com buracos no peito.
Muitas pessoas já desincomodadas com as maneiras.
Quando deixamos de ser necessários e muitas, demasiadas, deixaram de o ser com o desemprego, quando ninguém precisa delas, deixam-se desorientar, perder, parecendo quase canas ao vento que viram de direcção vezes sem conta.
Todos com ressentimentos uns pelos outros, todos aqueles que estavam abafados vêm à superfície e quando se vêem os mais calados, aqueles que nunca falam porque até medo de si têm, porque têm muita coisa lá dentro que pode extravasar em qualquer altura a falarem, então está tudo perdido.
As pessoas têm direito a que a sua história tenha princípio, meio e fim.
Era tudo tão fácil caso quisessem e houvesse gente honesta, inteligente e competente aoleme.
O povo é fácil de levar, vai para o levarem.

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