quarta-feira, 30 de maio de 2012

PORTUGAL ESTÁ NO BOM CAMINHO, diz a Troika

O resultado do ponto de vista funcional para estas cabeças troikianas é perfeito, mas é perfeito apenas nas cabeças deles.
Recordo aqui uma outra realidade que se passou na década de 20 do século passado.
Henry Frugès, industrial francês, em Pessac, sul de França, resolveu encomendar a Le Corbusier um conjunto de habitações para os seus operários.
Le Corbusier respondeu à encomenda com habitações despojadas, janelas rectangulares; total ausência de "folclore decorativo", nas palavras do próprio.
Os operários passavam, quase 14 horas a trabalhar numa fábrica, quando regressavam a casa desejavam mais que função. Por isso, com o passar do tempo, rasgaram janelas onde havia cimento, plantavam jardins e acrescentaram portadas de madeira. Desfiguraram para horror do arquitecto, o sonho abstracto que o animara.
O que eu quero dizer é que todos nós também devemos fazer o que estes operários de Pessac fizeram, i.é, mandar às urtigas os bons exemplos da funcionalidade dos acordos com a troika e quem a apoia e fazer um goveno ao nosso jeito, à nossa dimensão.
Não podemos, não devemos continuar, impávidos e serenos, a assistir a paisagens lunares, a edifícios completamente mortos, sem vida, em todo o país, por força da austeridade da troika e da direcção da "União" Europeia.
Os sítios que habitamos devem expressar a nossa forma de viver. Podem não ser espaços perfeitos, nem têm que o ser. Podem não ser promessas de felicidade.
Podem ser espaços imperfeitos mas têm que ser os nossos, moldados ao nosso corpo e ao nosso querer.
Não podemos continuar empedrados por muito mais tempo.
Como dizia Agostinho da Silva "Devemos ter a arte de viver à bolina".
Queria dizer estarmos atentos e disponíveis para o que nos aparece.
Apareceu-nos este abcesso da troika e nós o que precisamos é de não nos desviarmos das nossas vidas, dos 3S, como dizia Agostinho- sustento, saber e saúde.
temos que transformar este horror em que vivemos em possibilidades de vida.
Não podemos, sob pena de morrermos antes de transformar os 365 dias dum ano, após 365 dias e mais outros, em dias de tristeza, em dias de não vida e de preocupações constantes que nos roubam os 3S da vida.

2 comentários:

Helena disse...

Bom dia, querida Homónima!
É isso mesmo, desenvolvamos a arte de navegar à bolina, já que teremos que o fazer contra ventos e marés Trikianas e quejandas.
Eu vou... navegando...
Bjs

lenço de papel; cabide de simplicidades disse...

Fico contente porque continues navegando. Fico mesmo muito. Acabo de saber de mais um amigo com cancro e pegou-se-me uma dor de cabeça que nem posso. Olha pusme-me a ouvir Bach para não berrar, gritar e chorar.