segunda-feira, 28 de maio de 2012

NO MEU CANTO

Me transpolitizo como diria  Jean Baudrillard, com o facebook, com a NET, reflicto agora sem Marx, sem Nietzsche, mas também com eles.
Politizei-me com eles, a partir, fundamentalmente, do Maio de 1968 em França e com Marx, Freud e Nietzsche logo a seguir. A actualidade interessa-me obviamente, porque me afecta, mas continuo a sentir-me só, talvez numa dimensão mais metafísica.
Gosto de observar os acontecimentos através de diferentes interpretações possíveis e isso consegue-se razoavelmente bem na NET e não só, através da leitura dos diferentes jornais de referência, ensaios e blogues.
Não consigo, ou melhor, cada vez menos consigo analisar os acontecimentos na vertente apenas política. Falta-me a sociologia, mas não a sociologia tradicional, que essa já não me responde.
Antes, há 30 anos atrás, quando me sentia assim, i.é, em dificuldades, refugiava-me na fenomenologia e em Platão.
Sinto que as abordagens que percorro nas diversas leituras que faço ou ouço, não são satisfatórias. Não compreendo todo este tsunami europeu, mundial.
Os arquétipos mentais que possuo não chegam, não servem.
Sinto uma grande comichão por não entender e mais ainda porque os outros julgam entender.
Eu sou um pouco à parte, mas sempre fui, de certa maneira, não por me encontrar aqui no meu canto, situação que escolhi, mas mais por não me enquadrar em nenhum pensamento político existente, por não pertencer a esses meios e também por nunca querer ter pertencido, a não ser numa fase muito curta da minha vida.
Se eu fosse uma intelectual também não seria ouvida, portanto não faz muita diferença.
Sou uma espécie de gueto de mim mesma em matéria política e ideológica e como me dizem alguns não sou caracterizável porque característica, mas não estou no índex porque não sou conhecida nos meios intelectuais já que não lhes pertenço, eis a vantagem.
Contrariei muita gente, mas retirei sempre dessa situação alguma energia.
Sinto um vazio por vezes, mas não por isto mas pela desaparição física de gente com quem combatia ou apenas era cúmplice.
Portugal está muito atrasado, tudo o que se passa em termos teóricos, ideológicos, artísticos de interesse está fora de Portugal e nem sempre no mundo dito civilizado, antes pelo contrário. Os movimentos mais radicais têm ocorrido em países sem tradição cultural europeia ou de qualquer outro sítio dito civilizado.
Todos os pensamentos me parecem demasiado banais. Tudo se banalizou, até as ideologias.
As ideias implodiram com as novas tecnologias. As tecnologias tomaram, por assim dizer, o lugar das ideias.
Ontem falei sobre cultura, ideias, intelecto, pensamento, mas o que acho mesmo é que o nosso mundo das ideias está em vias de extinção.
Aqui do meu canto eu sinto, não sei explicar, mas observo que há ideias rasteiras nesta globalização que se abateu sobre nós, tudo se desenvolve duma maneira subreptícia.
Há novas realidades, daí ter de haver novos pensamentos. Sou uma estrangeira nestes domínios do conhecimento e de certa maneira, sinto-me cristalizada com os arquétipos mentais e estereótipos que possuo, mas o problema não é eu sentir-me, o problema a meu ver, é o mundo sentir-se assim, embora alguns, muitos não saibam.
É como na fotografia em que cada vez há menos imagens, começa a haver uma coisa a que chamam a realidade integral, uma espécie de cálculo integral do mundo.

2 comentários:

lua vagabunda disse...

permito-me discordar.
Todos os dias leio "coisas novas" e extremamente interessantes de mudança. Mudança radical. De mentalidades, de inovações, de futuro.
Claro que não é nos jornais diários, nem na imprensa do status...

Mas há, há gente muito linda a pensar e a registar no papel ideias maravilhosas. Fora de todos os estereótipos que nos vendem. Que sempre nos venderam.

É preciso procurar, ler e sobretudo ter a mente aberta para eles.

Jinho grande

lenço de papel; cabide de simplicidades disse...

pois eu concordo contigo, em absoluto. Bj e obrigada