domingo, 13 de maio de 2012

MANIFESTAÇÕES

Vivências, códigos de conduta, desenvolvimento da acção. Para quem delas faz parte tem a sensação de se encontrar dentro, embora cada um seja uma testemunha de esperança e se submetam em conjunto à radiografia social.
As manifestações são o exercício duma vontade colectiva, em que as pessoas dizem claramente que estão vigilantes.
A questão que se coloca hoje é que uma grande parte da nossa sociedade apodreceu e tal como o peixe quando está podre é da cabeça que emana o mau cheiro, assim acontece com a maior parte das sociedades actuais.
Hoje sabemos também que o silêncio nem sempre é cúmplice, antes pelo contrário.
Como bem sabemos, as manifestações servem também como máquinas de criar interpretações. Há como que uma urgência em desabafar publicamente. Servem sem dúvida, para as pessoas não se ouvirem a si próprias, mas a todos os outros.
A Europa e os seus acólitos têm-nos mudado a vida duma forma imperdoável.
A Europa negoceia com o dinheiro alheio, especula, faz agiotagem.
Antigamente esbanjava-se o dinheiro da Índia e do Brasil, agora em"obras de fundo/cimento" por essas cidades afora, sem qualquer necessidade e quase sempre para ficar tudo um pouco pior. Quem paga? Nós, pois claro. Não há dinheiro, mas continuam a fazer-se.
A Europa uniu-se por necessidade económica, para não ser exprimida entre o Japão e a América, agora limita-se a ser o que a América quer que ela seja.
Pertencer à Europa económica, apenas dá felicidade aos que são felizes economicamente, não aos outros, a todos nós que nada beneficiamos com isso.
Será um reforço de cooperação entre os povos continuar a defender uma Europa Económica? Será ser internacionalista continuar neste caminho?
Não me parece. As manifestações que ontem se realizaram por essa Europa fora, não foram mais, que o reforço da posições já manifestadas noutras ocasiões e cada uma em cada país teve os slogans que ao território e preocupações nacionais dizem respeito.
Gostava de ver uma manifestação global, todos por um e um por todos, por essa Europa fora.
Andam a destruir-nos a felicidade aos pedacinhos.
Os governantes e seus ecos baptizam com louvaminhas e incontinência de adjectivos tudo o que dizem, da direita à pseudo esquerda.
A manifestação de ontem, por exemplo, para que foi convocada, como e porquê?
Houve o suficiente tempo de organização e convocação das pessoas?
Claro, que os partidos e movimentos nacionais e estrangeiros "aproveitam" sempre que há uma convocatória, para se apresentarem  e como está na calha o pacto europeu entre o PS, PSD e CDS e FMI, UE e BCE , ontem gritou-se nas ruas do Porto palavras de ordem contra este pacto, que de facto, é de agressão às pessoas, mas foram estas mesmas pessoas que votaram nestes partidos que por sua vez, votaram o pacto.
Claro que os indignados encheram as Portas do Sol em Madrid para combater o sistema e a autoridade e muitos outros indignados se manifestaram mas muitos outros calaram para não consentir.
A mim, começa a parecer-me que há quase profissionais das manifestações e que começam a banalizar-se (duas/três por mês), retirando as "manifestações" aos que morrem, mesmo aqueles que preferem o silêncio.
O triunfo da democracia e da economia baseada mo mercado generalizou-se. Os capitalistas desumanos mandam não só na Europa, como no Mundo.
A minha esperança, aliás quase certeza, é que este sistema acabará por se matar a si próprio, embora devamos dar-lhe um empurrão bem dado, organizado e certeiro e que as manifestações podem ser um meio para atingir esse fim. No entanto, gostava eu de ver manifestações pujantes, não como aproveitamento de ocasiões para gritarmos bem alto o que nos aflige, mas antes fazer um rasgão de alto abaixo no sistema instalado, abaná-lo, feri-lo de morte, a nível europeu sim, para haver mais força e não cada um por si, para marcar presença.  Dizer NÃO a uma Europa que consegue fazer mais piruetas e saltos sobre a própria cabeça que o sistema comunista/capitalista chinês.

1 comentário:

Helena disse...

Eu sei que é assim, tal qual dizes, mas prefiro ver os jovens na rua, mesmo que em número muito inferior ao de Madrid, do que sabê-los apenas a pôr 'likes' no Fb, num activismo de sofá que me confrange, ou ainda pior, vê-los apáticos, na frase tão batida: "Tá-se bem"...