segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

CLASSE DO MEIO

É uma classe híbrida, uma espécie de nem carne nem peixe. Uma classe fechada e dilemática. Quanto mais a conheço mais a acho arrogante; uma classe que gosta de desenterrar nobrezas de família e que nem sempre tem dinheiro para alimentar a sua.
Hoje uma classe martirizada, subjugada por impostos, completa de dramas, mas também a abarrotar de moralizações; cheia de contradições e fraquezas; cheia de personagens intumescidas, a primeira sempre a ser roubada como nos dá conta a História dos países.
A classe média cercada devia converter-se numa espécie de família não de luto, mas de luta contra uma ameaça que bate à porta, no entanto não é isso que está a acontecer.
As privações começam a ser muitas, tudo começa a escassear, as resistências começam a baixar, no entanto a riqueza que possui em imprevistas antinomias, é enorme.
Este batalhão de invasores da classe do meio que nos desgoverna há anos, lançam bombas contra os seus e, o difícil não é impossível, conseguem ficar fora da sua classe e nem sequer mandam suspender os disparos quando pressentem que um irmão seu batalha  noutra bateria como D.Pedro (liberal) o fez junto à Torre da Marca em pleno Cerco do Porto, para a eventualidade do seu irmão se encontrar na bateria contrária.
Os nossos atacantes/governantes/média classe  sabem porém que a "família" está reunida e podem lançar balas à vontade e até aumentar o calibre das mesmas.
A classe do meio rendeu-se? Mais parece. Há focos de resistência aqui e ali, mas não vejo que algum deles se torne lendário.
A classe média perde porque não gosta de se juntar aos pobres, mas tão só aos ricos que a rejeita liminarmente.
No seu clube ninguém entra. É uma classe que gosta de ser chamada de doutor ou engenheiro e se possível as duas ao mesmo tempo e nunca de se confundir com o povo, sempre à espera dum aceno dos que lhe estão acima, aceno esse que nunca mais vem. Burguesa até aos ossos esta classe minha, com a ancestral cobardia de avestruz que nada resolve, mesmo assim  momentos há que confio na sua subversão.
Uma classe com inocência mental ou primarismo arrepiante? Actualmente muito bem representada pelo P.R.- Dr. Cavaco Silva.
As enormes discordâncias com a classe que me fez nascer de nada me servem, porque a sentença cumpre-se na mesma, no entanto faz renascer o princípio da diversidade.
Uma classe faz de conta, amorfa, cheia de flatos e devaneios que muitas vezes substituem as emoções. Oponente mas não lutadora.
Acrescentando o facto de sermos nómadas (refiro-me, em especial, às classes médias do sul incidindo na portuguesa, à qual dedico estas linhas de hoje) nesta Europa onde nunca nos trataram bem e que conhecemos mal, coniventes e sedutores, sem um rumo certo, apostados em cair com os grandes por não nos juntarmos ao grupo dos pequenos nossos irmãos.
Trata-se duma classe na sua grande maioria despovoada, solitária desde a origem e não solidária.
Pertenço-lhe mas nunca a reconheci como minha, eis a questão maior. Nunca será a minha imagem, existe fora de mim, esta classe renega-se, renegando, ou será o contrário que vale o mesmo para o caso, com os governantes à cabeça  nas horas apertadas.
É uma classe maldita e amaldiçoada, sem paz, duplamente exilada dentro da realidade que é e do acréscimo de realidade que criou. Desfigurada e opaca, igualmente fora de si e da sua imagem estampada. É estranho por outro lado morrer às mãos destes governantes/classe média que sacrificam o destino de todos a piruetas do destino.
Não somos solidários, mas solitários somos, mais pela força da dor do que da do riso.

5 comentários:

lua vagabunda disse...

então? este ninguém comenta? hehehehehe

eu não posso, porque não pertenço a essa classe... mas, ás vezes, tenho pena. Sempre deve ser mais fácil...

lenço de papel; cabide de simplicidades disse...

Fizeste-me rir agora. Então a que classe pertences? À Nobreza ou ao Clero? Beijo de Boa Noite Manela

lua vagabunda disse...

ó minha amiga, sou filha do povo... daqueles que não tem onde cair mortos... também dos que não tem nada a perder, por isso "perigosos"...

Agora bom dia, por aqui com nevoeiro.

lenço de papel; cabide de simplicidades disse...

Exactamente Manela, os da Classe do Meio, o povo de que falas é o mesmo que aqui refiro, vai desde o mendigo, o desempregado, o dr. psicólogo ou não (já que percebi que não gostas dessa classe, mas esses tb. não ficam de fora)até ao novo rico, oligarca, capitalista novo ou velho. Para mim, é esta a fronteira. A classe média que antes se dividia em pequeno-burguesia, média burguesia e alta burguesia e que hoje não vejo dividir assim nem de nenhuma outra forma a bem dizer, é tudo povo. A cabecinha é a mesma. Se falares com um mendigo(eu falo e sei o que estou a dizer relativamente a isso) pensam, aspiram e têm os mesmos princípios e valores de todos os outros, à excepção de sentirem tão duramente o assalto à mão armada, por via fiscal. Para mim, a fronteira com esta classe do meio que referi aqui (os que trabalham por conta de outrém, os espoliados de todos os matizes, os comercianetes, pequenos industriais, alguns trabalhadores por conta própria, etc.) é mesmo os novos ricos provindos da política e não só, os capitalistas de todos os matizes (novos, velhos, os que querem ser e por aí fora, numa palavra, os que destroem a sua classe de origem nalguns casos).
Bom, sob melhor opinião, aqui deixo o meu BOM DIA AO POVO, AO CLERO E À NOBREZA, JÁ QUE NADA TENHO CONTRA ELES. E VIVA, VIVA MUITO MESMO A CLASSE MÉDIA, SE NÃO FOR MELHOR, PELO MENOS COMO ERA, ENFIM...
beijinhos

lua vagabunda disse...

hei lá..... calma! De psicólogos gosto: não gosto é de psiquiatras...

No meu tempo de política, as classes não eram divididas da maneira que o fizeste. Aprendi noutra cartilha... mas tb não interessa nada!

Quem me manda a mim levantar aqui "problemas".... Olha, gosto de te ler. Escreves bem.

Jinhosssssssss