sábado, 11 de fevereiro de 2012

OS D. QUIXOTES E OS SEUS CONTRÁRIOS

Que se propõem desencantar encantos, reparar  agravos, distribuir justiça.
Combatentes duma guerra não declarada.
Há pessoas que não permitem amabilidades com inimigos nem aceitam afectos fraudulentos e carinhos displicentes e com olhos acesos se batem contra todos os poderes injustos. São almas escancaradas.
Alguns (muitos) de nós são peregrinos sem causa partidária e sem líderes carismáticos, uns desavindos com o quotidiano, outros continuando a debater-se com o sonho.
Depois há os seus contrários, os polidamente inseridos que lançam os cães da crítica e da evidência, às canelas dos pobres cavaleiros.
Há os ricos que se parecem todos uns com os outros, possuem um ar desconfiado e austero, o sorriso difícil, a sobriedade dos movimentos, a reflexão e a noção do tempo. São os nascidos de rabos, junto às fezes. Ensinaram-lhes o manual da cobardia. Consideram-se vencedores e como todos os vencedores jamais abdicam dos privilégios.
Não sei se foi D. Pedro II que lhes(nos) fez o ingrato favor de consagrar a sisudez, a reserva, a moderação como virtudes a um povo inteiro.

Estou cansada de inocentes inúteis e de consumidos pela indolência e a cortesia mentirosa.
Ontem, assisti a jovens e a menos jovens, na Grécia, denunciarem muito claramente as desavenças com o quotidiano do seu país, a debaterem-se com tudo que tinham à mão, com a irreconciliável realidade.
Sentem-se frustrados, sem futuro, a vida que a tal Europa sem piedade copia da América e lhes propõe é indigna, infeliz, estripando-lhe os sonhos. Por isso não lhes resta outra saída a não ser desavirem-se com a realidade que lhes é oferecida.
Vi a polícia a tentar-lhes podar os gestos tidos como excessivos, se calhar pensando que deviam estar do mesmo lado da barricada .

Fomos todos educados para esquecer. Diariamente traímos os factos e os sentimentos.
Porque um país que foi tão grande no passado quer ser tão pequeno no presente e no futuro?

Porque consentimos tantos criminosos e delinquentes a mandar em nós dentro e fora do rectângulo?

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