quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

SOMOS CORAJOSOS?


Não, não somos. Também podíamos dizer: Sim somos, temos a coragem dos lacaios e ainda há outra categoria e é para esses que deixo a minha fé e o meu louvor.
Porque até a maioria dos nossos maiores querem ficar na História como pequenos?
Tive algumas ilusões que vão caíndo uma a uma, embora ainda reste alguma esperança.
Julguei que as pessoas mais informadas, mais esclarecidas pudessem agir e reagir melhor, governar melhor numa palavra, mas este governo deu mais uma machadada nessas minhas ilusões. Alguns governantes que dele fazem parte, abriram-me mais brechas, lembro-me por exemplo do Nuno Crato que tudo o que ele dizia eu aceitava e gostava e do Francisco José Viegas que conheço pessoalmente e, nunca pensei assistir ao que assisto por parte destes dois, em especial.
Como é possível que pessoas com provas dadas de clarividência, tenham passado uma esponja sobre tudo o que observaram e diziam antes, sobre tudo pelo que pugnavam?
Que mágoa assistir a tudo isto, a toda esta falta de coragem.
O povo português apenas sabe gesticular, exclamar que não está bem, mesmo os mais sabedores?
Os bons têm ardido que nem palha, têm falhado todos. Todos sucumbem. Bem sei que a mesma pessoa actua de formas diferentes em circunstâncias diferentes. Mas o que nos resta?
Apenas mudar de sistema. De partido, não interessa.
Todos são engolidos nesta falta de coragem para se tornarem diferentes, para dizerem não.
Todos, os melhores incluídos, são trilhados por este fascismo que nos ficou na alma.
Nós não somos democratas, nem o queremos ser, nem queremos aprender a ser.
Nós somos filhos da ditadura e assim nos sentimos bem, seja ela de direita ou de esquerda.
Resignamos, não conseguimos levar a nossa posição por diante, pensar diferente, discutir a diferença e lutar por ela, num quadro democrático.
Todos os governos se tornam no mesmo charco. Ninguém quer ser diferente.
Muito pior do que o fascismo é a Herança que ele deixa, dizia Miguel Torga e eu, tu, nós, vós,  eles assistimos a isto todos os dias.
Bem abençoados todos os que acreditam que o Futuro há-de sanear todas as podridôes.
Bem aventurados todos os que acreditam no dia de amanhã.
Estes são os verdadeiros corajosos. É preciso ter coragem para acreditar no Futuro.
 

4 comentários:

Helena disse...

A herança a que te referes fez de nós todos (um pouco, ou muito) menso cidadãos.
Sempre os governantes pensaram em "administrados", nunca em cidadãos e isto, durante séculos é muito marcante.
Numa conversa com espanhol, disse-lhe isso e ele respondeu-me que com eles era mais "súbditos", que quanto ao resto e ao que interessa será o mesmo.
Talvez, mas do outro lado da fronteira há qualquer coisas mais, um "não sei quê".

Miabar disse...

http://youtu.be/WGPyl0Z5vbU

Bom, o primeiro comentário aparentemente, não foi concluído, por erro... mas já me tem acontecido e algumas vezes, ficam dois... "modera" só um, se for o caso!

Eu acredito!!

Abraços grandes!

lua vagabunda disse...

Vous pensez être libres. Mais pensez-vous librement ? (Rava)

lua vagabunda disse...

Já agora, se me permites, deixo aqui mais um link de um brilhante artigo de Baptista-Bastos:

http://www.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.dn.pt%2Finicio%2Fopiniao%2Finterior.aspx%3Fcontent_id%3D2318320%26seccao%3DBaptista%2BBastos%26tag%3DOpini%25C3%25A3o%2B-%2BEm%2BFoco&h=RAQHLzK4o.