terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A EUROPA NÃO É O MUNDO

Estamos todos contaminados.
Os telejornais abrem com notícias da Europa sempre, apenas alguns se lembram que DEVEM abrir com NOTICIAS MAIS IMPORTANTES, como o futebol e então de quando em vez lá aparece um relvado e uma bola (só muito de vez em quando, diga-se).

Costuma-se dizer que "onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão" é logo na 1ª coisa que penso, quando assisto a algum noticiário.
Os mercados, as agências de rating que mais parecem os homens do talho a saldar as carnes e até dizem: "hoje o leitão está ao preço do coelho" e coisas deste género, os governantes e presidentes disto & daquilo e seus acólitos, parece que se desdobram em malfeitorias, nem tempo têm para fazer e desfazer as malas de tanta energia que gastam entre aviões e salas de reuniões.
Não vivem a vida, não param para pensar, não se encontram consigo próprios nem com os seus. Mergulham no mundo da hipocrisia, do faz de conta, do brincar a quem tem mais poder e já perderam a RAZÃO há muito.
Não se detêm a conhecer, em busca da verdade, mas em contrapartida tornam-se incendiários (alguns auto-intitulam-se de bombeiros) e umbiguistas. Esquecem-se que há mais Mundo para além da Europa e esse Mundo está atento , mas não venerando.
Hoje em dia a Europa parece-se mais com um campo de batalha.
Alguns destes dirigentes são da geração de 68 (1/3) e  muitos dos que não estão no poder são os desiludidos ou lambem feridas.
A ética desapareceu e sabendo nós que as fronteiras entre a mente humana civilizada e os seus instintos mais violentos e básicos são apenas linhas ténues e que os humanos são capazes de tudo, altamente imprevisíveis, fácil é perceber que corremos perigo.
Estes perigos aumentaram ainda mais quando o sistema político, já de si tão instável, deu lugar aos economicistas, aos gananciosos mais desenfreados, aos loucos de todos os matizes. Hoje assistimos ao caos que se proclama vencedor.
A Europa porque faz fé nos mercados e está ao seu serviço segrega o mal como as abelhas o mel.
Quem leu o "Deus das Moscas" de William Golding, fábula sobre a maldade humana, sabe  que a violência não nasce da necessidade sobrevivência, mas como forma de afirmação do grupo e oriunda do medo. Os governantes europeus usam a violência dos mercados, dos bancos, das formas ditas de ajuda com juros pornográficos, engolidores de economias nacionais, contra os povos sem causas razoáveis.
A Europa está a precisar de férias, de fazer auto-análise, de se procurar a si mesma, de identidade e de memória.
A Europa não É (esse est percipi) e a Europa NÃO É PERCEPCIONADA.
Agora resolveu fazer de nós o exemplo, o exemplo dos bem mandados, dos pobres agradecidinhos por nos limparem o sebo e o nosso P.M. como é um rapaz que gosta de África mas também gosta da burguesia europeia e de se sentir no grupo, de fazer parte de, dá-nos de bandeja, oferece-nos, qual irmão mais velho a levar-nos ao prostíbulo para nele ficarmos.   Enquanto isso, a imprensa escrita e falada repete até à saciedade que somos impotentes e revela as grandes formas de impotência e diz-nos que tem que ser assim porque estamos em crise, porque agora temos que sofrer, talvez um dia nos libertemos. Mais uma vez me vem à cabeça as histórias das meninas que se vão prostituir para um dia se libertarem quando mais desafogadas financeiramente estiverem. Nós sabemos que nunca mais saem e morrem ali naquela vida infernal e Portugal há muito, mas há muito tempo  está na prostituição, que se vende a velhos, a novos, a todos que nos dêem, em troca,  uma côdea de pão.
Nunca ninguém nos explicou a crise também não é verdade, a chefe do bordel, a madame Merkél explicou: disse-nos que estávamos assim porque tínhamos sol e gostávamos de pescar, de brincar, de férias, de conversar, enfim porque  julgávamos que o carnaval se gozava nos 365 dias do ano. Foi a única que explicou o porquê de tamanho castigo. Por isso quanto mais ouço a MADAME E OS SEUS ACÓLITOS, mais me lembro de Kafka e com ele acho que somos assaltados por um mundo que está para além do entendimento e no qual ninguém poderá alguma vez sentir-se em casa.
Resta-nos apenas ser originais e a originalidade consiste voltar à origem, como já alguém disse antes de mim.
Sejamos universais e tendo em conta que o universal é o local sem paredes, como diz Miguel Torga, mais fácil se torna.
Haja coragem!

3 comentários:

lua vagabunda disse...

... que tu escreves mesmo bem.
Adorei e concordo. Só "lamento" que não se vislumbre mesmo qualquer tipo de evolução (?!)...

lenço de papel; cabide de simplicidades disse...

Gostaria que tivesses razão na primeira parte e que não teivesses na segunda. Agradecida pela simpatia

Helena disse...

Mas tem razão na primeira e na segunda! Mesmo que nesta última, infelizmente...