segunda-feira, 9 de abril de 2012

FALEM-ME DO IMPOSSÍVEL

Não queria ser responsável moral por todas as velhacarias que se cometem  no meu país, mas sendo contemporânea desta gente, passo por o ser.
Estamos em horas de humilhações. Desde que existo nunca fomos tão humilhados como Nação.
O que significou Mastrich para nós? E para a Europa? Em Junho de 1992, recordo, os dinamarqueses souberam dizer não a Mastricht.
Que bom que era eu acreditar na intercessão divina para sairmos deste atoleiro onde nos meteram e continuam a meter.
Claro que sei que a maioria dos acontecimentos só têm a importância que lhe damos, mas viver neste país meu amado, nestas circunstâncias com todos estes jovens a emigrar (56 mil portugueses inscritos no Portal Europeu de Mobilidade Profissional, ou seja, que procuram trabalho em países da União Europeia e na Suíça (4.700 novos nos últimos dois meses), penhorando o futuro do país, não é fácil.
Como podemos deixar de dar importância? Mesmo com toda a imaginação e inteligência a funcionar, é verdadeiramente impossível.
Temos que viver e o melhor possível, é nossa obrigação. Mas se viver, por si só é difícil, viver neste época é bem mais difícil.
Os valores em que acreditava e ainda acredito, estão a ser postos em causa, a honestidade, a honra, a independência.
É preciso dizer NÃO a este tempo que parece de Apocalipse.
Todos os governantes actuais e passados, dizem que querem melhorar a nossa situação e todos eles afundam mais e mais o País, além de serem incompetentes e estarem ao serviço do capital nacional e estrangeiro, não amam este rectângulo.
Vendem o país ao desbarato uma parte outra, até a oferecem de bandeja. Assistirmos ao nossso país deixar de existir, é demasiado triste. Não me lembro de no passado ter acontecido tal, com esta rapidez.
Que destino o nosso!
Depois de meio século de ditadura, o país agoniza sob nova opressão, tão tenebrosa como a anterior.
O capitalismo torna as pessoas selvagens, criminosas. Há pessoas que se estão a suicidar, outras a passar fome e em sofrimento para alimentar a Besta Capital.
Governantes corruptos e traidores. Começa a ser difícil distinguir  o fascismo desta democracia.
Que mais nos falta perder? Mas mesmo assim, todos os dias somos surpreendidos com mais e mais crimes chamados medidas de austeridade.
Já não somos Nação Independente e Imortal, embora sejamos o país mais velho da Europa. Os iluminados que nos têm governado, abrem mão duma nação.
Agora já não é um Filipe II espanhol que nos integra, mas a própria Europa, nossa coveira, está a enterrar-nos vivos.
Entregamos o rectângulo gratuitamente a quem o quiser receber.
FALEM-ME DO IMPOSSÍVEL.
A globalização destruiu-nos, não decidimos por nós, outros o fazem em nosso nome. Uns burocratas europeus que nunca nos viram, nem sabem quem somos, como sentimos, amamos e sofremos, mandam em nós, têm-nos presos com uma corda ao pescoço e nós nem sequer estrebuchamos para tentar soltar-nos. Quando Filipe nos fez região de Espanha, éramos menos submissos do que agora.
O país morre aos poucos. Uma nação adiada, sem esperança, um País em que o chefe máximo diz para os jovens emigrarem porque não têm futuro nem esperança, é também um país sem futuro.
Neste rectângulo que eu amo, por todo o lado há um dobre a finados que o poder finge não ouvir, num desprezo olímpico pelo povo.
Um povo que pelos muitos anos de fascismo se degradou, se perverteu e agora  de novo tiranizado se tornou impotente e apenas geme e sofre.
Amar este rectângulo dói muito. Precisava de substituir o coração, mudar de alma.
Não gosto de gente NIM e vivemos rodeados desta gente, de mansos, de gente que aplaude partidos que nos destruíram e continuam a destruir, de gente que se abstém. Não acredito nestes partidos, nesta gente que nos mente, gente que não é nem quente nem fria. Quem leu o Apocalipse sabe que até Deus não gosta dos mornos.
FALEM-ME DO IMPOSSÍVEL...

2 comentários:

Helena disse...

O país é triste, amiga.
Os tempos estão tristes. Vivemos um retrocesso civilizacional de que não sabemos ainda a dimensão. É difícil não ficarmos todos deprimidos,mas há que fazer um esforço para que viver valha a pena. E tem que valer!

lenço de papel; cabide de simplicidades disse...

estou absolutamente de acordo contigo. beijinhos e obrigada