Lembrei-me desta frase, desta maravilhosa frase e lembrei-me de tantos milhares de portugueses que gostariam de dizer o mesmo.
Há tantos, mas tantos portugueses que têm que inventar não fazer nada que é o trabalho que têm neste momento "inventar não fazer nada".
Não é a vida um progresso feito de acasos, coincidências e vontade firme?
O que queria que o deixassem trabalhar ajudou grandemente a que outros, nada fizessem, ajudou no retrocesso e continua a ajudar porque continua num plano inclinado da aldrabice.
Hoje, diariamente, milhares de pessoas têm que delinear um plano de conduta a comprometerem-se perante si mesmas, todos os dias.
Têm que desaprender aquilo que aprenderam, impotentes que estão face ao que as rodeia.
Há uma enorme desproporção entre as esperanças postas no futuro e os seus resultados exactos.
Quando um jovem encontra um emprego, julga ter encontrado o oásis neste enorme deserto das suas existências, quando devia ser um direito.

Tantas vidas adiadas.
Quando as pessoas já estão fora da moldura dos seus sonhos, depois de terem aturado tudo e todos.
E as pessoas vão cedendo pela força das circunstâncias e vão sofrendo resignadas e vão-se habituando, como os aleijados, se habituam a um aleijão.
Os governos não possuem o dom de entender psicologicamente as profundezas do drama alheio, raciocinam em número.
As pessoas ficam incompletas, truncadas dos seus sonhos, do desejo de serem felizes e ainda há quem se aproxime para lhes fazer sentir uma culpa pela sua existência.
É a um verdadeiro SAQUE a que estamos a assistir e alguns, milhões continuam impávidos e serenos a assistir a este amputar de vidas.
Estes inventores do nada vivem quase reclusos, recatados para evitar confidências que os possa sobressaltar.
Vivem tristes.
É uma verdadeira aberração, um desperdício total que estamos e vamos pagar caro, muito caro, milhares de jovens, na força da vida, não estarem a produzir para enriquecer o país.
Onde se viu querer empobrecer um país. a única coisa que devemos desejar é enriquecê-lo, engrandecê-lo, não à custa dos empréstimos, nem duma maneira artificial, mas à custa do trabalho e do bem colectivo.
Como é possível, governantes pensarem, quanto mais dizerem, que este povo viveu acima das suas possibilidades?
Um povo pacato e trabalhador, que tira à boca para dar aos ricos, que apenas assiste diariamente aos seus roubos que lhes são perpetrados e a nada acontecer aos te tudo têm, a um povo que qualquer dia não sabe o que é justiça, nem sabe distinguir o bem do mal.
Toda esta gente tem que inventar um destino.
Tornam-se doentes alguns para serem importantes e quase como último estado da tristeza.
Há no entanto um sentido mais afinado do cidadão comum, mas são raros os que demonstram.
A censura pessoal e oficial começam a ser medonhas, a invadir toda a paisagem.
4 comentários:
Que magnífico artigo!!!
Apetece "copiá-lo" e levá-lo para toda a parte!
ó MINHA QUERIDA, POR QUEM SOIS, LEVA-O PARA TODO O LADO, ELE É TEU. OBRIGADA MANELA
É! Concordo com a Manela.
Um excelente texto!
Obrigada Homónima. Beijinho
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