sábado, 14 de abril de 2012

MOMENTOS ACTUAIS QUE PODIAM SER DE 1940 OU DE OUTRA DATA QUALQUER

Refiro-me em primeiro lugar a quem o trabalho de pensar constitui um hard labour,
àquelas pessoas que não têm opinião própria, apesar de estarem firmemente convencidas do contrário. Pessoas que cultivam o superficialismo fugindo de todo e qualquer trabalho mais pesado de reflexão.
Há pessoas que deixaram há muito de ter história, que se limitam a seguir a vida nos carris bem oleados, chamo-lhes oportunistas porque são aquele (as) que evitam todas e quaisquer complicações.
São pessoas que não têm fé profunda em coisa alguma, mas quanto a princípios gerais, têm o culto do ganho da força e do mundo e o respeito e admiração pelos que vencem, uma espécie de amorais... Je reussite a toujours raison...
Gente que prefere consciências brancas. Aquelas pessoas que falam com "doçura", comentam com benevolência e buscam penosamente juntar 2 ideias, fossilizadas no seu pequeno universo mole, com vontades dormentes.
Deixa correr o marfim... este tipo é o mais usual no nosso país, embora em certos locais onde  se encontram desfilem o habitual relatório de sofrimentos.
Muita gente "ao alto", muita gente sem fazer nada, "reformados" antes do tempo, aposentados desta vida, jovens e menos jovens, empurrados por troikas, destroikas, FMI(s) ou Europas, mas que numa palavra são sempre os mesmos, os capitalistas, os miseráveis dos capitalistas e seus lacaios, gente  que se vê enredada em desespero e apatia como mosquitos fracos em palpos de aranha.
E depois há aqueles, burgueses da cabeça aos pés, uns odrezinhos de maledicência que arrotam opiniões com que aparvalham os simples.
Vejo tristes rebanhos de criaturas que parecem unanimente pasmadas de se verem nesta situação, apoiadas como as cegonhas, apenas numa perna só, olhando o movimento mas com cabecitas  de arvéloas sem vontade.
Temos ainda o poder da imprensa e a nocividade dos jornalistas, no fabrico duma opinião pública.
Claro que li Plutarco que falava sobre a consciência tranquila e Marco Aurélio que insistia com o cuidado que cada um devia ter consigo mesmo e sobra a ética e muitos mais, em especial Platão, que me deu resposta quase sempre às perguntas que ao longo da vida lhe fiz.
E recordo as figuras e as figurinhas que conheci ao longo da minha vida. Figuras importantes, lendárias, figuras históricas, brilhantes pela sua dimensão e constância no tempo. Figuras amadas, comemoradas e que nos alegram e enchem de orgulho pela sua existência. Figuras que nos maravilham, que nos dão o exemplo, que nos motivam para chegarmos ao melhor de nós.
E  lembro as figurinhas que recentemente a vida me deu a conhecer, lembro por exemplo dois figurões entre muitos outros da nossa Praça, Marcelo Rebelo de Sousa ou Medina Carreira, figurinhas também vistosas, inacreditavelmente folclóricas, cómicas por vezes, tristes outras vezes, mas sempre convencidas que são importantes figuras, que vão ficar nos anais da História.
Esforçam-se por ser conhecidas, por brilhar e por se manterem o mais tempo possível em cena. Fazem muito má figura.
Ao contrário das figuras, as figurinhas não perduram no tempo, não têm dimensão nem orgulham ninguém, mas paradoxalmente têm seguidores.
Chegamos talvez à altura de ter que esterilizar os génios nacionais em embrião, por não darmos possibilidades de se desenvolverem neste país de figurinhas e figuretas, obesos de estupidez e estultícia, quais desenhos japonizados a  pavonearem-se nas nossas televisões e rádios. Tudo quanto é medíocre e balofo se mostra para se admirarem de si mesmos.
Todos os tatibitates, os Xexés, os fraudulentos de si próprios narcisam-se com a desfaçatez, a leviandade e a presunção e já agora, com os proveitos que têm auferido.
São irreverentes na sua ignorância. Julgam-se abastados intelectualmente, delirantes mesmo na sua vaidade e até mesmo as pessoas instruídas, têm em regra, o culto do superficial e do vago e a fobia do profundo e do certo.
Quando me ponho a raciocinar, que disso não me desabituo nem renuncio, diariamente, a escutar a minha consciência, quando decido que me posso enganar sempre que falo ou penso, a sofrer decepções, quando me empenho na poiesis destas novas sensações, quando quero ver o mundo com olhos novos, como não sou genial, esbarro sempre com pensamentos talvez antigos, e pensos nos manhosos fenícios que por aqui andaram e que possivelmente cá deixaram o seu espírito, senão os seus genes como os mouros, penso por outro lado, na subalternidade perpétua e pelintrice irremediável que sempre cultivamos intelectualmente falando, e verifico que todos, retirando as minorias esclarecidas, são iguais na sua essência, quer aqueles que vivem em zonas residenciais de luxo, com casas de muitas divisões e carrões de  milhares, quer os pobres dos bairros camarários, todos pensam o mesmo e se se pudessem aperaltar com falsas porcelanas de Sèvres, falsos cristais de Baccarat, falsos biombos chineses com incrustações de falsíssima madrepérola, uns e outros o fariam (não digo os comprados nas casas de Chineses, mas os caros comprados nas Antiguidades e dpois ditos "herdados de família").
Uns e outros usam os rebaixamentos, as intrigas, as bajulações para obterem o que quer que seja, embora agora com o sistema partidário se torne mais fácil para uns do que para outros.
Todos são invejosos, os que nada têm que invejam o subsídio de desemprego do outro e o denunciam porque anda a fazer uns biscates e, os políticos, deputados ou governantes que espumam de inveja do seu colega que "abandonou" a política para se alcandorar na gestão duma empresa pública com  dinheiros nossos ou não e, que ganham os concursos públicos e influência nacional e estrangeira. Estes políticos/ governantes, governam de acordo a um dia mais próximo do que longínquo, virem a ser um destes que  invejam. Outros ainda desbancam e desbancam e desbancam, o que quer dizer ganham o dinheiro à custa da banca, sejam eles os fanhosos  e Mellos portugueses ou as beldades estrangeiras como a Isabel dos Santos e outras menos conhecidas.

2 comentários:

lua vagabunda disse...

ainda um dia te vou nomear como secretária do pensamento... como não sei escrever (as you do) venho sempre ler-te e descaradamente subscrevo e partilho.

obrigada por partilhares connosco.

Jinho gde

lenço de papel; cabide de simplicidades disse...

SINTO-ME LISONJEADA. MUITO OBRIGADA